7.6.18

Perdi-te, deixei-te ir...

junho 07, 2018 0 Comments
Rain.....  deep in thought.


Quando era eu a prometer-te o que ainda não tiveras, esperava que mais ninguém te chegasse ao coração que me passara a pertencer. No momento em que percebi que me estavas reservada, passei a querer muito mais do que fôra capaz até ali. Cada uma das palavras que trocámos nunca me soube a demasiado, mesmo que tivesse sentido o frio a invadir-me à mesma velocidade que o amor por ti. Enquanto me movi pela coragem de nunca mais te voltar a perder, enganei-me o bastante para correr, como um louco, até ao lugar onde te tive, mas do qual fugi para não ter que me ver como era, pequeno, desprovido de coragem e louco o bastante para largar a única mão que agarrou a minha porque me queria, a mim, apenas a mim...

Ainda não sei o que fiz, talvez porque não seja capaz, não sozinho e talvez não porque se tornaria ainda mais doloroso admitir que mastiguei bem mais do que seria capaz de engolir. Ainda não se passou tempo suficiente para que o tempo que me fustiga me liberte de mim, da porcaria que fiz e que me persegue e ensombra. Ainda não tenho de volta a serenidade que tanto procurei, mas que me fugiu pelos dedos quando te vi ir.

Gostava tanto que soubesses de mim, da pessoa que te amou como acreditas ter sentido, porque foi real. Matava por um momento que apagasse todos os que te magoaram quando tinha prometido nunca o fazer. Tive que te ouvir dizer que não te quis o bastante para cuidar do amor que trocámos. Carreguei cada uma das palavras amargas com as quais atiraste o meu orgulho para o esgoto. Fiquei impotente perante tanta verdade e lucidez, porque afinal nunca te enganaste quando me viste realmente.

Quando e enquanto fui eu a querer o impossível, nunca me lembrei de questionar o que te prometia e a verdade é que nunca cheguei perto do que sonhava para nós. Enquanto me enganei, por não saber o verdadeiro significado de um amor para sempre, dei-te umas quantas migalhas, mas nem mesmo aí protestaste. Enquanto e durante o tempo que te amei, sei que fui amado de volta, tanto que certamente gastei todas as minhas vidas quando o desperdicei. Quando te abandonei, perdi todas as chances de me ter de volta e ser feliz!

Parece que devo ser sempre forte...

junho 07, 2018 0 Comments
Carne Griffiths é mais uma prova viva de que a arte pode surgir de qualquer lugar e o que importa mesmo é o talento e a criatividade. O ilustrador cria retratos respingados utilizando tinta de caligrafia e vários tipos de bebida, entre café, conhaque, vodka, uísque ou, à boa moda britânica, chá. O que à primeira vista nos parecem salpicos...


Sim, devo ser forte, porque é o que sempre parecem esperar de alguém como eu. Esperam que eu saiba, em todos os momentos, o que fazer, o que dizer e onde estar quando não estão os que me fazem falta. Se é suposto ser forte, vou sê-lo e tenho-o sido. Se está determinado, não sei sequer por quem, que não me posso desviar um milímetro do que sempre mostro, então assim será, até que me quebre, até que fique no chão, chorando o que ninguém pode ver, porque estaria a mostrar que afinal, caramba, afinal sou igual a todos os outros.

Devo ser forte, mesmo quando não te tenho, porque não me posso alimentar do que me passas e passarias se ao menos fosses igualmente forte. Sou forte quando escolho pensar que somos a nossa metade, a que queremos ter para lá do tempo que ainda não conhecemos. Sou forte quando imagino as nossas sombras, precisando um do outro, porque somos a luz que as reflecte.  Sou forte quando vejo o amor a dobrar, as palavras a saírem tão desenfreadas que nos magoamos de tanto amor. Sou forte e irei sê-lo, por ti e para ti. Sou forte e determinada, mais ainda desde que passei a imaginar que te tenho deste lado da minha vida. Sou forte mesmo que nunca mo peças e que apenas esperes que cuide de mim, talvez porque não o consigas fazer. Nunca esperas que saiba tudo e que faça acontecer demasiado, até porque é claro que te assusta. Sou forte, é um facto, mas a minha força fez-te fugir de mim, talvez porque tenhas escolhido acreditar que não me farias falta.

Não deveria precisar de ser sempre forte, mas é tudo o que me resta desde que mais nada do que esperava de ti me restou...

6.6.18

Quem avalia o amor?

junho 06, 2018 0 Comments



Quem avalia o amor? Quem diz o que está mal ou bem feito? Quem nos ensina a sermos mais, quando o menos está tanto em voga? Quem nos pára de cada vez que pisamos o risco e galgamos degraus que empurram o outro?

Já acredito que na maioria das vezes temos apenas sorte, ou azar, porque parecemos não saber ao que vamos, nem com quem. O acaso, o destino, a burrice ou a infantilidade, permitem-nos o que dermos, mesmo que inconscientemente.

A vida não vem com qualquer manual e as experiências de uns jamais serão a de todos os outros. Então o que fazemos? Usamos o bom senso. Estamos mais atentos. Aceitamos o inevitável, e largamos o impossível. Ouvimos, falamos e sentimos, com intensidade e honestidade. Vemo-nos nos outros, para apenas fazermos o que queremos que nos façam.

Sinto que amar, mesmo sendo algo complicado, é mais simples do que parece. Sou para os outros, o que os outros deverão ser para mim, Moedas que se trocam, olhares que se olham mesmo e certezas que se cultivam, para que as dúvidas não se instalem, teimosas. Sou eu que avalio o amor que me chega. Sou eu que percebo, pelos amores que outros carregam, quais me poderão servir e preencher. Sou eu e apenas eu, que posso em todos os momentos, começar, recomeçar, parar ou prosseguir.

Quem avalia o amor, já está inevitavelmente a amar!

Não tens ideia...

junho 06, 2018 0 Comments



Não tens ideia de quantas vezes nos imaginei juntos, frente a frente, a debitarmos os milhões de palavras que servem para falarmos de nós. Não tens ideia dos sonhos que os meus sonos conseguem fazer acontecer, tendo-te onde me fazes falta, e estando eu, onde precisas para te reconstruíres. Não tens ideia, tal como não tinha antes, da importância que adquiriste na minha vida.


Nada poderia ser igual se tu deixasses de estar. Nada me faria continuar, e suportar a tua ausência, se escolhesses deixar de me escolher. Nada poderia servir-me, iluminando-me o sorriso como apenas tu consegues, se os meus dias não te trouxessem.

Por vezes parecemos ter já caminhado muitas vidas, mas a realidade, a nossa, é bem mais recente, mesmo que estejamos a carregar alguma história comum. Sei que fui pedindo, por vezes a medo, que me permitissem recomeçar, tendo ao meu lado quem me carregasse ao colo, se estivesse frágil, quem risse comigo e fosse capaz de me desejar TANTO, que eu nunca precisasse de precisar de nada mais. 

Não sei se terás ideia, meu amor, do que me passas de cada vez que dizes - Olá querida - Não sei se me entendes e lês, mas a verdade é que contigo tudo é bom, até quando arriscamos "zangar-nos". Quando dizemos coisas distintas querendo apenas dizer o mesmo. Não sei se terás ideia, certamente que ainda não, do que serei capaz de fazer e mudar por ti, mas breve, muito breve, e até porque já está escrito, sentirás sem que precise de usar qualquer palavra. Não tens ideia, mas eu vou ajudar, todos os dias, a que me percebas!

5.6.18

E se ficarmos sem tempo?

junho 05, 2018 0 Comments
Cool head


Os planos podem ser apenas isso, e por vezes, não tão raras quanto isso, não somos capazes de completar o que desejámos.

E se ficarmos sem tempo enquanto procuramos pelo que já existe e até encontrámos? E se perdermos o que tanto nos custou a conquistar, apenas porque nos adiámos e fizemos esperar quem não soube ler-nos? E se sonhar, mesmo que acordado, nunca passar disso mesmo? Não vai bastar. Não vai ter um sabor que nos saiba bem. Não vai consolidar nenhuma das promessas que desbaratámos. Não vai durar o tempo que duraremos nós, mas servirá para que o recordemos, doridos, para sempre.

Não quero ficar sem tempo, por isso vou beijar-te durante todos os momentos que me couberem, porque ninguém me prometeu o amanhã. Vou abraçar-te até que a dor se torne boa e te cole mais a mim. Vou andar contigo pelas nuvens, mas sabendo que te tenho para manter. Vou chorar, de alegria, porque não pretendo ficar sem tempo, nem sem ti. Não te vou dizer adeus e não vou permitir que te vás para lá do tempo que afinal ninguém controla.

E se ficarmos sem tempo, como é que nos iremos perdoar e continuar a viver?


3.6.18

O sol que consigo ver!

junho 03, 2018 0 Comments
... by Светлана  Беляева on 500px


Como escreveu a poetisa brasileira Helena Kolody no poema Dom:

Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol.
Outros nem conseguem vê-la.

Temos todos, mesmo que não o consigamos ver, um dom, algo que poderá ditar todo o nosso percurso, fazendo de nós pessoas completas e bem-sucedidas, ou apenas eternas buscadoras de um propósito. Temos de conseguir entender sobretudo o que ninguém explica, porque apenas assim daremos a volta por inteiro. Temos que desejar o arco-íris, permitindo que as cores nos guiem. Temos que ir esperando, com alguma tranquilidade, pelo que já estivermos a construir. 

O sol que consigo ver, guia-me até quando não está e a escuridão toma o seu lugar. Não tenho apenas dias luminosos e quentes, também acabo imersa num frio que me enregela a alma, mas sei ao que recorrer e até onde ir para não me afastar demasiado dele.

Deus dá a todos uma estrela, só precisam de encontrar a vossa!

2.6.18

Onde param os homens?

junho 02, 2018 0 Comments
Tenho manhas com jeito de mulher fatal. Mas zangada faço biquinho e quando contente eu dou carinho....

Onde param os homens? Sim, a pergunta é mesmo essa.  Onde param os homens? Aqueles e não estes de agora, até os que já o são de algum tempo. Onde param os homens que se conhecem porque já determinaram há MUITO, qual o caminho que precisavam de trilhar? Homens que não se escudam em "ses", usando-os entre cada frase. Homens que enfrentam ventos e tempestades e que não vão a correr recolher-se nos chapéus-de-chuva mais próximos. Homens que mesmo sentindo medo, sabem como lidar com cada um?

Não raras vezes digo que na outra encarnação quero ser homem para os entender melhor, mas a porra da coisa é que não me vou lembrar de nada desta vida e certamente que acabarei, também eu, medrosa, assustadiça, encolhida e desejosa de que o vento não sopre demasiado forte.  Por esta altura já terei uns quantos de bandeira bem no alto a gritar que se os conhecesse não falava assim. Yeah, right! Somos todos crescidos até irmos a correr para debaixo das saias das mãezinhas. Os que têm propensão para a psicologia também dirão para o do lado - coitada, teve muitos desgostos amorosos - mas não meus amigos, tive juízo e pragmatismo que bastasse para pôr a correr uns quantos e para nunca atingir a red zone.

Homem que é homem"... tanto que ouvia esta expressão e outras bem másculas, mas pelo que parece a masculinidade tem fugido para a violência que está a aumentar. Compreende-se que assim seja, é que quando nos faltam os argumentos, a bagagem e a vida que deveríamos viver, recorremos ao mais fácil.

Não meus amigos e amigas, não estou azeda, nem sequer amargurada, estou apenas desiludida com a humanidade, é que por mais que me esforce e tente modernizar, o meu modelo ainda passa por homens e mulheres a serem felizes juntos, construindo cada sonho e resistindo às adversidades, mas também sou um ser adaptável e percebo que ou tenho ao meu lado quem reme comigo, ou afogo-o depressa para não me pesar no barco.

Embora lá a crescer pessoal, é que a vida não espera e eu também não estou a ficar mais nova, gostava, sinceramente, de ainda poder escrever de forma optimista e conciliadora, ainda neste século, se não for pedir muito.