Como são as nossas noites?
Às vezes acredito que a noite ainda nos vai "matar", porque é como se ela viesse potenciar a falta que sentimos um do outro, revelando, mesmo na escuridão, o quanto sinto medo de ter medo de ti, porque me forças a pensar no que escolhi arrumar e o quanto sou responsável pelo que passaste a esperar de mim.
A vida não tem apenas as cores base, ela carrega muitas outras que nunca serão vistas de igual forma por todos. O que vês como certo, definitivo, simples e natural, eu olho com desconfiança, dúvidas e muitos quês e porquês. Temos claramente vivências diferentes. Temos percursos que nos testaram, mais ou menos, mas que nos definiram as prioridades. Temos lugares dos quais abdicamos por escolha, ou dos quais nunca conseguiremos sair. Temos sem qualquer dúvida um amor infindável para partilhar, bastando-te apenas determinar o quando, mas já eu a pesar e a medir o como.
A noite não tem sido de todo fácil e por mais que nos forcemos também a pensar e a sentir de dia, ela entra à mesma hora para nos lembrar do que ainda há por decidir. "A noite é má conselheira" e é um facto que nunca tiramos dela nada que nos sirva para resistir aos dias, um após o outro. Já me sussurrou que posso desistir de ti, mas percebi que é falsa e te diz exatamente o contrário. Assim sendo, ou nos aliamos e a impedimos de entrar, ou acabaremos a acabar como ela a cada nascer de dia, restando depois muito pouco do que nos juntou para que se possa mesmo utilizar.
Será que só por hoje podemos fingir que a noite não existe, estendendo este dia?