19.3.21
17.3.21
Quantas voltas já dei sem respostas?
Dou voltas e reviravoltas no mesmo lugar, querendo e esperando que o antes regresse e que o agora não me impeça de ter o que já era demasiado confortável para que me questionasse. Faço-me as mesmas perguntas, uma e outra vez, mas nenhuma das respostas me convence e por isso continuo de forma obstinada a perguntar pelo que já é demasiado claro. Forço-me a querer de forma diferente da que sinto, até porque já me senti assim e não gostei da falta de controlo enquanto tentava em vão controlar-me e retomar o poder que me pertencia. Paro-me de cada vez que continuar parece ser demasiado obscuro e irreal, mas a realidade é bem diferente da que antecipei enquanto apenas vivia, respirava, usufruía e era eu mesma, sem necessidade de me revelar ou esconder de alguém. Já não sonho sozinha, porque finalmente existe alguém que partilha do que já arrisquei antecipar, mas continuo a acordar da mesma forma, eu comigo e com muitos mais medos dos que carreguei enquanto dormia, achando, de forma inocente, que os apagaria a todos, um a um.
Dou voltas e reviravoltas, mas nunca saio do mesmo ponto onde me coloquei quando decidi desistir do que me cobraria uma mulher mais forte, mais arrojada e descomplicada. Dou votas e reviravoltas achando que tudo acabará, eventualmente, por se tornar tão claro quanto a vontade que tenho de ser amada por alguém como tu e de me render ao que me devolveria a pessoa que já fui antes.
Ninguém nos garante o "felizes para sempre", mas se mesmo acreditando, escolhermos deixar de o esperar, lendo apenas ler o que tiver legendas e nunca arriscando leituras imprecisas, a serenidade acabará por se instalar e resistir deixará de ser uma necessidade. Ninguém escolhe por nós as "armas" a usar para que nos possamos defender do que eventualmente nos roubaria os silêncios reparadores, os lugares que já conhecemos e a pessoa que nos tornámos enquanto resistíamos ao desmoronar do que já foi tão simples e natural que naturalmente nos beliscou o corpo e alma quando não funcionou. Ninguém parece saber do que sei enquanto tento explicar o inexplicável!
Dou voltas e reviravoltas, mas não avanço o bastante para querer revirar a minha vida e apenas tentar.
16.3.21
Porque disseste que me amavas?
Disse que ta amava, mas menti. Passei-te as emoções que esperava receber dum outro, mas para mim nunca chegaram as que me faziam falta. Disse que te amava, mas estava errada, porque o amor não sabe ao sabor que se colou na boca, amargo, demasiado forte para me suavizar e tão vazio quanto ficavam os finais de cada noite. Disse que eras tu e apenas eu sei o quanto desejei que fosse verdade. Disse que sem ti nada poderia ser igual, ou bom, mas menti...
Os começos têm contornos que os recomeços não entendem e por vezes escolhemos não nos afastar do que até nos deixaria sarados, por sermos demasiado fracos para agarrar a força que acabaria por se fixar, impedindo-nos de sermos levados pela corrente. Ter quem nos tem, sendo quem podemos e temos connosco, deveria bastar, mas bastará que a pessoa errada chegue para que nada mais pareça poder ser feito e não fazemos nada para o mudar.
Disse que te amava enquanto me amavas com a intensidade que tantas vezes sonhei num outro corpo, em todos os cheiros que parecem não ter como me abandonar e em cada beijo que devolvi, cerrando os olhos para que nenhuma luz me mostrasse a dura realidade. Disse que te amava quando já julgava ter a maturidade dos que caminham em linha reta, mas que também se desviam e reavaliam sempre que a estrada não os leve a lugar algum. Disse que te amava porque me soava bem, à esperança que em tempos perdi e ao desejo de voltar a ter desejo genuíno de alguém. Disse que te amava por cobardia e foi assim que me igualei a quem uma vez me mentiu, abandonou e transformou neste ser que já não reconheço.
15.3.21
Como está o meu coração?
Será que o meu coração poderia aceitar qualquer pessoa? Poder até que sim, mas certamente que não saberia ao mesmo, não traria as mesmas emoções associadas, nem me levaria QUASE à loucura de uma forma BOA.
Que lugar atribuímos a quem já não parecia ter lugar algum? Para onde fugimos quando nenhum dos sítios conhecidos, ou por conhecer, nos conseguem esconder? Quem vemos com o coração enquanto a mente tenta, em vão, saber o que pensar, pensando da única forma possível, a errada?
Será que a nossa natureza nos afasta do que deveria ser natural, até quando diferente e novo? Precisaremos assim tanto de entender todo o percurso até à meta, não bastaria que nos focássemos apenas no final para usufruirmos melhor da viagem?
Quem somos enquanto tentamos ser alguém diferente, talvez porque a anterior não tenha tido os melhores resultados? O que nos permitimos mudar enquanto mudamos pequenos nadas que nos levariam a deitar tudo a perder? Para que queremos amores seguros se até já sabemos que amar não tem rede e que cair nos fortalece e prepara?
Será que querer-te bastará para que queira menos o lugar onde me escondi, de mim, do mundo e das batidas irregulares dum coração que já controlava?
14.3.21
Será que nascemos prontos para a vida?
Não nascemos prontos e nem sempre o mundo se prontifica a deixar-nos mais tranquilos, para que sigamos com a vida que desejamos poder dominar. O que somos depois de sabermos no que nos deveremos tornar, torna-nos mais resistentes aos embates, porque eles chegarão de todas as frentes. Não nascemos prontos e por vezes sentimos que nunca estaremos preparados para o que nos "atiram", em forma de teste.
Nenhum dos dias que nos cabem se assemelham em intensidade, conquistas ou determinação, uns serão tão simples quanto é acordar e colocar o primeiro pé no chão, mas já outros arrastarão consigo a réstia de coragem que nos sobrara do anterior. Nada do que nos ensinam nos assegura de que teremos aprendido o suficiente, mas quando aprendemos a gerir as emoções, os humores, as vontades que vão para além dos desejos físicos e o que não sabemos legendar, o que quer que chegue, grande ou pequeno, valioso ou sem qualquer importância, será bem resolvido.
O melhor de andar por aqui é o que conseguimos acumular, em formato de pessoas, experiências, amores que vingam e outros que recomeçam. Seremos sempre tão capazes quanto a nossa capacidade de relativizar o desconhecido, ou tão pequenos e impreparados que até o mais simples corte nos fará sangrar intensamente e por tempo indeterminado.
Não nascemos prontos, mas podemos sempre prontamente começar a querer que não nos sirva de desculpa para que finalmente o estejamos!
13.3.21
Acreditas em mim?
Junta-te a mim, faz o meu percurso, vê o que me rodeia e saboreia do que me alimenta, porque apenas assim saberás do que sei e quem sou!
Por vezes chegamos à vida de alguém e esbarramos com o que já instituiu como necessário, prioritário e irrevogável. Até que já amamos como é suposto, mas não conseguimos ser amados de volta, não porque sejamos menos ou nos falte o que lhes acrescentaria, mas porque a vida foi acontecendo enquanto tudo acontecia como deveria, ou até da forma errada. Sabemos quem somos e o que precisamos de alguém para nunca mais precisar de nada, mas ainda assim pouco parece poder ser feito. Por vezes simplesmente não está nas nossas mãos ter quem desejamos.
Acredita no que te digo e passa a acreditar um pouco mais no outro lado da vida, não existe apenas a tua versão e ter-me pode bem ser TUDO o que te falta. Cede ao que sou e sê também tu uma mulher mais completa. Deixa de lado o que te afastou do amor e ama sem medo de te magoares, porque se acontecer, prometo que te segurarei até que te sares. Vem, agora, sem resistir mais e a limpares-te do que te afasta de mim. Enche-te de toda a coragem de que és feita e verás que não precisas assim tanto de te defenderes, não de mim, não do amor que te tenho e nunca do que tenho reservado para ti.
Junta-te a mim, estou determinada e tranquilamente à tua espera.
12.3.21
Será esta a minha vez?
Por uma vez, mesmo que seja apenas esta, tenho alguém que precisa mesmo de mim, alguém de quem também já preciso há muito. Por uma vez na minha vida, sou capaz de ir para onde a vontade me dita, acreditando que a dor nunca me voltará a segurar. Por uma vez, até quando pareço já ter tido tantas outras, consigo saborear o doce sabor da liberdade, da falta de pressa e das muitas certezas de que me rodeio. Por uma vez nesta vida, a única de que me lembro, sei que não me deixarás sozinha, abandonando-me apenas aos sonhos, porque sonharás comigo.
Se soubesse antes, quando me magoava com os sentimentos de quem parecia não sentir o bastante, que seria ainda maior, mais forte e mais preparada para quem chegaria, teria sorrido mais, amado sem dúvidas e soltado a alma para que chegasse mais depressa a ti. Se soubesse, como sei agora, que o amor pouco importa quando não estamos na mesma sintonia de quem reconhecemos, não me teria forçado da pior maneira e atrasado o percurso que já me era destinado. Se soubesse que ao saber um pouco mais saberia o bastante sobre ti e que assim te teria, inteiro e a ser verdadeiramente a minha pessoa, teria corrido ao invés de caminhar e seguramente que saltaria de mais alto sem receio da queda. Se soubesse que a melhor parte de mim se revelaria quando te aceitasse, os sorrisos nunca me teriam abandonado os lábios que agora enches de beijos e que te enchem do que sempre soubeste ser teu.
Por uma vez, ainda que tivesse acreditado que já o vivera, vivo com quem me enche dum sol que irrompe olhos dentro e que me aquece de qualquer frio imaginário. Por uma vez, depois de já saber que te pertenço, deixei de querer que mais alguém me possa fazer duvidar de mim e do quanto sou capaz de amar para que me amem de volta.