19.2.22
18.2.22
Deitada, no escuro...
Deitada, no escuro, a ouvir o meu coração que parece estar tranquilo porque as batidas são ritmadas, mas sentindo por dentro de mim um mar revolto enquanto nado de forma desesperada para evitar que as ondas me impeçam de respirar. Deitada sobre um corpo que me completa por ser a extensão de todas as emoções que armazenei e que me forçam a testar os limites que não sabia ter, inerte, mas com a mente a mil, gritando, sem qualquer som, que já me disse tudo e que nada mais me resta do que continuar. Deitada, com os braços abertos, os mesmos que antes receberam quem ainda não sabia o significado do amor, não como o entendo e que apenas se instala para restaurar o coração que por vezes me finta, cheio de vida própria, ao invés de o endurecer.
Deitada, ao teu lado, a ouvir o bater do coração que se mistura com o meu e que me assegura de que estás para ficar. Vieste ter comigo, sem mais nada para esconder e a esforçares-te para que acredite no que tens para me dizer, sossegando o meu mar e mantendo-me à tona. Deitada no teu corpo, aquele que rapidamente o meu reconheceu, a reacender as emoções que deixaram de me testar e que agora me permitem usufruir. Deitada do lado certo da cama na qual nos temos, segura de que já sabes o significado do amor, como o entendia antes, e que me acorda de todas as noites nas quais quase me senti endurecer e desistir. Deitada ao teu lado e já sem precisar de te pedir para que fiques.
Deitada, no escuro, a desejar, mais do que a tudo o resto na vida, que os nossos corações estivessem mesmo juntos. Deitada sem qualquer som que me lembre da razão pela qual me deixei ficar sozinha, enquanto jurava já não esperar por ti. Deitada, por mais uns minutos, para que me convença a levantar o corpo e a reerguer a alma que se perdeu de mim enquanto me focava em ti. Deitada, no escuro, enquanto me digo, talvez para me convencer, que sei o que o amor significa para mim e que por isso não abdico de o sentir.
17.2.22
A serenidade da água!
16.2.22
Ainda estou aqui!
De que forma se remenda um coração partido? Para onde se reenviam as dores que nos parecem ter oferecido, mas que seguramente não pedimos e que não têm morada postal? Como se encara o amanhã e todos quantos virão depois de nos terem dado a provar o amargo sabor dum passado sem retorno?
Ainda sinto, acordada e a dormitar, os cheiros que te distinguem de todos os outros. No ar parece pairar o que me arrepia a nuca e me deixa com vontade de já não ter apenas vontade de ti, mas de te tocar e ter por perto. Sei do que me fala a mente e carrego, de forma bem determinada, a razão que me promete superar os delírios do coração. Vou e venho, jurando que te esqueci, mas a verdade é que continuo a lembrar-me de tudo de forma tão clara, que me recuso o inevitável falhanço que escolho acreditar não ter sido originado por mim. Ainda me chove na alma e até mesmo os dias de sol radioso escurecem de cada vez que pronuncio o teu nome.
De que forma te convenço a que uses os dias que ainda nos restam, para me ofereceres uma explicação que não permita dúvidas? Por onde andas agora que já não te oiço os passos e deixei de sentir o que sentias por mim? Como é que resistes a tudo o que representei na tua vida e para que lugares foges de ti, mesmo que sem qualquer sucesso?
Ainda estou aqui, não para que reatemos o que se quebrou, mas para que me devolvas a mulher que te ofereci e a quem deixaste partir. Ainda tenho guardadas as palavras que te sararão e me permitirão continuar, mas mesmo que pudesse, agora e hoje, mudar o que nos quebrou, vou continuar a permitir que tenhas nas mãos o fim que ditará um merecido reinício. Ainda estou aqui e sei que sabes.
15.2.22
Acordaste-me para ti!
Acordaste-me como sempre fazes, devagarinho e a soprar-me as palavras que me deixam a sorrir antes mesmo de abrir os olhos. Beijaste-me com intensidade, como fazem os apaixonados e os que sentem nas certezas do amor as dúvidas que a falta dele provocam, e disso já sabemos ambos. Acariciaste-me o rosto que mantenho voltado para ti e por isso consigo ver nos teus olhos tudo o que os meus já conhecem e reconheceram desde o primeiro dia. Acordaste-me para que viaje contigo nesta vontade de unirmos os corpos como apenas nós sabemos, fazendo amor até que nos obriguemos a parar, regressando à vida que nos espera lá fora. Acordaste-me do sonho que te incluía, mas no qual dificilmente teria as sensações que me passas e sem as quais nada seria igual.
Quase que não me consigo recordar de quem era antes de ti e já nem me esforço para reconstituir as histórias, lugares e pessoas que deixaram de estar porque deixei de me importar. Amar só poderia ser assim, até porque me recusava a ter menos, sentindo em metades e precisando de me explicar para o que teria que ser claro como água. Sentir-te fez-me perceber tudo o que nunca havia sentido antes e o quanto estava adormecida. Ouvir as palavras que nem precisas de dizer, porque as usaste vezes que bastassem, deixa-me atenta a todas as partes de ti. Percorro cada pedaço de corpo que me pertence, fixando-me nos pontos que beijo para que te arrepies comigo. Enrolo-me, cansada, nos braços que me acolheram mal entendeste que a minha força era feita das fragilidades que me recusava a mostrar e entrego-me à única pessoa em quem confio.
Acordaste-me hoje como tens feito desde que a nossa história começou e mesmo que saiba muito pouco sobre o que ainda nos espera, não desisto de esperar pela generosidade da vida que nos juntou. Acordei com o som do amor que me tens, mesmo que cheio de silêncios, arriscando antever um futuro previsível, quieto e seguro, mas revolto o bastante para que nunca precise de ser de outra forma.
14.2.22
Desafios diários!
13.2.22
Eu e eu mesma...
Sempre que tiro uns minutos do meu tempo, converso comigo, posso dizer que eu e eu mesma, a de antes e a de agora, nos debruçamos sobre os mais variados temas, sendo que o principal passa pela nossa mudança interna. Sou claramente duas, ou três em dias mais agitados, mas a parte que me soube serenar, trouxe ao de cima o melhor. Estamos diferentes, mas escutamo-nos com alguma frequência, porque os ajustes terão que ser constantes. Estamos mais fortes, mas não fugimos das fragilidades que nos carregaram em todo o percurso. Estamos mais conscientes do que NUNCA mais permitiremos, mas a doçura permanece, tal como a disponibilidade para os que nos procuram. Estamos menos voláteis e isso confere-nos mais crédito aos olhos dos outros. Estamos, mais do que nunca, com receio de que o tempo que nos resta, não baste para todo o amor que ainda pretendemos viver. Estamos definitivamente mais unidas do que nunca.
Sempre que paro e agora até que o faço regularmente, o mundo também roda mais devagar e consigo ouvir as palavras de todos quantos comigo se cruzaram, as boas, as azedas, as que indiciavam medo, insegurança e que entendi mal, ou escolhi ignorar. Sempre que aceito as diferenças e incapacidades, melhoro-me, restauro-me e percebo o quanto já evoluí e cresci, como mulher, mãe, amiga e quiçá futura companheira de alguém. Sempre que o "para sempre até que dure" me roça os lábios, fazendo-me sorrir, aprendo a tirar partido do que existe agora e que poderá até nem permanecer, mas que será integralmente vivido.
Sempre que souber como me levar, carregando o que amealhei, terei as certezas que me ameaçavam fugir, mas que sempre me pertenceram por direito!