11.6.22

Dependências emocionais!

junho 11, 2022 0 Comments



Cada vez se ouve  falar mais de ligações bizarrassentimentos deformados e dependências que se tornam tão cáusticas quanto o são as drogas duras. Mas o que "nos" leva a depender de outra pessoa de forma a perdermos a nossa própria identidade? O que "nos" falta assim tanto, para apenas conseguirmos funcionar se o outro estiver por perto? Provavelmente a crise de valores, os medos e o conforto que deixamos instalar. Não querer voltar a ser exposto, mostrando o que somos realmente, impede-nos de sermos verdadeiramente felizes e mais grave ainda, impele-nos a espalhar a nossa infelicidade, minando tudo ao redor.

Ninguém deverá ser mais importante do que nós mesmos e temos que acreditar que a pessoa que nos chega, a mesma que escolhemos para fazer um percurso de vida, também tem vontades, desejos e sonhos que deveremos ser capazes de alimentar. Dar, recebendo e ser, permitindo que o outro também o seja, será a forma certa, não esperando em nenhum momento que sintam por nós e que a responsabilidade caia toda sempre sobre o mesmo. Não temos corpos iguais. As nossas almas viveram muitas outras vidas e mesmo que nos tenhamos cruzado antes, NADA do que vivemos faz de nós a metade perfeita do outro. Ao invés de nos esforçarmos, em vão, para nos encaixarmos, deveremos usufruir das diferenças que certamente aumentarão a diversidade. 

Será que conseguem imaginar dois seres totalmente felizes consigo próprios e juntos? Que relação bombástica!

"Quero mais para mim e desejo que encontres tudo para ti. Quero poder partilhar o que fores encontrando, ajudando-te a cumprir cada desejo. Quero que encontres no meu melhor o que te manterá mais completo e que sejamos ambos suficientemente egoístas para termos TANTO em nós, que deixe de nos caber e jorre até ao outro. Não quero depender de ti, quero apenas depender da minha vontade de te ter comigo"!

10.6.22

A carta que não abri!

junho 10, 2022 0 Comments


 Olá a ti,

Estou a responder à carta que não li e nem sequer me atrevo a abrir. Quero acreditar que ainda sei o que me perguntas, talvez porque o tenha feito demasiadas vezes sem qualquer resposta. Preciso de antecipar todas as palavras, escritas em cada linha, seguindo os pensamentos que nos cabiam a ambos. Desejo, mesmo, que me estejas a pedir o que me negaste e a tentar resgatar o que até já era teu. Mas ainda assim sei que não a consigo ler.
Já olhei para o remetente mil vezes. Já engelhei o papel, o mesmo que acabou molhado pelas lágrimas que caíram descontroladas, mas ainda não a abri. Já tentei sentir o teu cheiro, imaginando as vezes que te movimentaste na cadeira, desconfortável e inquieto e já resisti à tentação de "te" rasgar em mil pedaços, ainda assim e para memória futura, quero que saibas que sempre soube de cada razão e que te perdoei. Quero e preciso que entendas que sempre estive muito à frente no nosso caminho e que continuo a recusar atrasar-me. Quero que pares de te desgastar, porque deixou de importar, mesmo que me importe sempre contigo. Quero que finalmente me deixes ir, porque deixámos de ter forma de voltar.

Estou a recusar-me ler a carta que agora te respondo, muito provavelmente com as palavras que não quererias ler, mas apenas para te dizer adeus e a tudo o que poderias ter dito para atenuar a dor imensa que deixaste. Não vou ceder, porque se abrir esta porta, entrarás de rompante para me lembrar de tudo o que me esforço por esquecer.

De mim a quem perdeste,
...

Há sempre outra margem!

junho 10, 2022 0 Comments

Sue Amado´s photo


  Na outra margem até pode haver mais e melhor, mas enquanto estou "nesta", vou usufruindo      inteiramente do que me proporciona.

Como dar amor, recebendo amor?

junho 10, 2022 0 Comments


De que forma podes saber ao que sabes a alguém? Que medidas podes usar enquanto medes o amor que tens para dar, mas receando que nunca chegue da forma que armazenaste, achando que era a certa? Que palavras deves usar enquanto te expões, para que saibam quem és e o que representas, mas sem que te deixes demasiado nua e vulnerável? Quando é que percebes que já ultrapassaste a linha que separa o suficiente do muito e que mesmo achando que o amor não se mede e por isso não afoga ou quase engole, acabas a engolir quem não precisa de tanto? 

Crescer emocionalmente, desenvolvendo habilidades e perceções que os outros deixam passar, estando demasiado distraídos, ou sabendo os custos que os envolvem, apresenta faturas bem altas e que deverão  ser pagas de imediato. Ter a confiança e sabedorias que nos fazem saber exatamente o que ser e fazer, não nos deixa confortáveis para dizer tudo e acabam sempre por nos fazer voltar ao eterno lugar solitário. Perceber que a capa nunca poderá abandonar os ombros, mesmo que em dias escaldantes, arrefece-te inevitavelmente o coração. Aceitar que o mundo não está pronto nem aberto para os que sabem mais, querem tudo e precisam de ser do formato que faz sentido para que tudo o resto faça verdadeiramente sentido, leva tempo, mas é esse mesmo mundo que o ensina, da forma mais dura.

De que forma podes dar amor tendo o amor que te serve? Que partes de ti poderás manter enquanto tentas fazer parte de alguém? Quando é que percebes que precisas de voltar as costas ao movimento que parecia levar-te a algum lugar, aceitando, sem demasiadas dores, que ainda não chegou o teu momento? O que ainda te falta saber para que mais nada precise de te fazer falta e sejas apenas tu, ao teu ritmo, com as tuas músicas e sem as pausas que apenas servem para te fazer duvidar? Para quando o merecido repouso do guerreiro?

9.6.22

Conheço-te tão bem!

junho 09, 2022 0 Comments



Conheço-te vai para lá de uma vida e sempre te mantiveste assim, consistente e teimosa, mas com uma sabedoria e tranquilidades que chega a enervar. Nunca fazes o que é suposto. Não segues tendências, não admites imposições e não te vergas a convenções. Não és fácil e contigo só se pode amar ou odiar, no entanto consegui tirar-te a fotografia logo no início e percebi que na verdade és doce, responsável, confiável, autónoma e incansável no que toca aos teus objetivos, porque tens um carácter construído sob muito trabalho. Sabes ouvir e fá-lo sempre que alguém próximo de ti necessita, eu mesma já te "usei" para tentar perceber se estou no caminho certo e se me mantenho na minha aparente consistência, sem desvios perigosos. Gosto do teu olhar que se vai moldando ao tempo e às emoções e que me envolve, acentuando as palavras e os gestos. Gosto do teu gostar seguro e intenso, porque tens sempre uma razão para gostar. Gosto de saber que nunca dirás o contrário do que pensas e que precisas de entender que te entendem bem, sem dúvidas de maior, mas pronta para retirar as mais teimosas. Gosto da sensação de segurança que passas, de sentir que contigo a casa tem os cheiros da infância e que as janelas se escancaram para que veja sempre o que está para fora de mim, mas que também me fazem olhar para dentro do que sou e de onde estou. Gosto de contar contigo para tudo e de saber que o teu tudo me inclui.


Sinto que já te conheço há tempo suficiente para te aceitar como és e para te ver para além dos outros e do teu ponto e momento na vida, porque mesmo sem comunicarmos com a frequência que desejaria, estás sempre lá e sempre aqui, onde preciso.

7.6.22

Sei sim...

junho 07, 2022 0 Comments


Sei
que consigo amar-te com tudo o que carregas, até as imperfeições, desde que não me afastem. Sei o poder do meu amor e até aceito a forma como me vais amando, desde que não me diminua. Sei que vou ter que saber de ti devagarinho e que tiveste uma vida na qual nada de mim será escrito, e aceito, desde que reescrevas parte dela comigo e por mim. Sei da importância que preciso de ter para que sinta de alguma forma que te tenho, aceitando que nunca me pertencerás, porque não é suposto, desde que o meu coração possa chegar ao teu e o teu nunca silencie o meu. Sei o que sou capaz de fazer com o amor que já te tenho, porque ele tem crescido de forma sonora e consistente, mas preciso de saber o que farás com o amor que me dizes ter e prometo que o aceitarei, desde que não me saiba a sabores que sempre rejeitei. Sei que o respirar não pode ser pesado quando penso em ti, mesmo que me falte o ar quando sinto que poderei deixar de respirar por ti, e aguento, desde que não me culpes de te ter dado demasiado, porque não tenho outra medida. Sei o que quero e espero desta "relação" sem nome, sem rostos que não os nossos e sem lugares que nos pertençam, mas estou pronta para me refrear de cada vez que espere demasiado do que seguramente tardará, desde que eventualmente chegue. Sei mais do que pensas sobre esta avalanche de emoções inusitadas e sem comparação que as sustentem e só posso desejar que também o venhas a saber enquanto o tempo correr a nosso favor, mesmo respeitando que tens outra velocidade, desde que te consigas acelerar quando a estrada o permitir. Sei que te digo sempre TUDO o que precisas de ouvir e que NUNCA me impeço de te fazer entender o quanto passaste a importar para mim, estando até pronta para aceitar que o teu TUDO esteja muito próximo do POUCO, desde que ele eventualmente cresça.