14.9.23

Como é que vivemos hoje?

setembro 14, 2023 0 Comments



Vivemos na cultura do exagero, da comparação e dos feitos que nem sempre são exemplares, mas que exemplificam bem a falta de valores, de caráter e de respeito pelo outro. Vivemos para nos mostrarmos, sendo vistos da forma mais redutora e errada, mas ainda assim vistos, porque ninguém parece querer estar, nem que por alguns momentos, no recato, no conforto e paz que deveria ter criado, mas que facilmente troca pelo caos e barulhos ensurdecedores. Vivemos sem referências e sem sabermos de que forma referenciar o que vamos fazendo e sendo para os outros, por norma desperdiçando o tempo que nos entregam os que têm tempo de qualidade. Vivemos para ir sobrevivendo aos nossos balanços, quedas e recuos, porque parecemos já não querer ou precisar de viver para mostrar o melhor que supostamente teremos recebido. Vivemos sem pensar no que sobrará no futuro, porque a não ser abruptamente interrompido, chegará, e a fatura será alta e por vezes impossível de saldar. Vivemos tão vazios, que esvaziamos os que nos preencheriam, tornando os dias mais brilhantes e as noites menos solitárias. Vivemos a esperar tão pouco em troca, que tudo o que vier será ganho. Vivemos cada dia mais sozinhos e solitários, recusando os silêncios que nos recordariam de quem já fomos, quando ainda eramos sãos, tolerantes e generosos. Vivemos a desperdiçar a única vida que nos coube e é por isso que pouco nos caberá quando já não houver nada que mereça ser vivido. Vivemos com tanta falta de amor, que nem conseguimos reconhecer os que nos vão entrando "porta" dentro. Vivemos porque estamos, mas estamos a viver tão pouco, que o resultado das somas serão apenas ainda mais subtrações.

12.9.23

Seguiste em frente?

setembro 12, 2023 0 Comments



Segui, sim, mas memorizei, guardei sons, cheiros e toques. Segui em frente sabendo que o que deixei para trás me acompanhará até que se suavizem as memórias e o olhar se torne menos emocional. Segui para não me fixar no escuro, até porque sou alimentada pelas luzes que crio e me rodeiam. Segui em frente e será lá, no futuro que continuo a criar, que seguramente esbarrarei num outro alguém que me fará ficar, perseverando e vencendo cada pequena ou grande luta. Segui para não me perder de mim.

Tenho saudades dos abraços que já não me curam do mundo faz algum tempo. Sinto, se esforçar a mente e o coração, o prazer que me daria ter alguém que me tivesse. Começo a ansiar por beijos verdadeiros, daqueles que se colam nos lábios que recusaria afastar, porque seriam meus e porque me beijariam apenas a mim. Tenho vontade de sentir a vontade que alguém teria de mim e de tudo o que sei que consigo dar.

Segui em frente, é um facto, e a cada dia olho menos para o que me mostrou o pior dos outros e quase me ensinou a desistir de mim. Segui porque não sou de ficar num único lugar, até porque não sou árvore, mas fiquei com uma ENORME vontade de ter "casa" no coração de alguém, a mesma que estou preparada a proporcionar. Segui comigo na dianteira, porque ficar deixar-me-ia em pedaços demasiado pequenos que não serviriam a ninguém. Segui em frente e não me arrependo.

7.9.23

Tanto que fui para ti!

setembro 07, 2023 0 Comments


Tanto que fui para quem nada foi para mim. Tanto que dei para apenas receber migalhas de volta. Tanta entrega, cuidado e amor, para que nenhum amor me tocasse, devolvendo-me os sentimentos que sempre envolvem os que querem, desejam e estão prontos. Tanto tempo a ser tanto.

Imagina o que farei de "ti" que me amarás de volta, se me ofereceres um espaço e lugar que seja apenas meu e pensa em tudo o que serei contigo, se me souberes e quiseres olhar, estando comigo nos abraços verdadeiros, nas palavras sem duplo sentido e nos beijos que apenas beijarão os meus lábios. Imagina, porque já é o meu exercício diário, o que serei capaz de multiplicar para que te sintas pleno, se te deres inteiro e sem qualquer subtração que me desarrede. Imagina o quanto já tenho sonhado contigo, mesmo que ainda sem rosto, mas sentindo-te em cada toque e bebendo de todas as palavras que repetirás, parecendo já teres ouvido cada uma das minhas. Imagina o sabor do amor que faremos...

Tanto que investi sem nada pedir, mas esperando que tudo viesse sem esforço. Tanto que me doei, para apenas acabar vazia, nua de sentimentos recíprocos e entorpecida pelas sucessivas dores infligidas. Tanto que esperei, numa espera desesperadora, pelo dia em que tudo seria verdadeiro. Tanto tempo a deixar fugir o meu tempo.

3.9.23

A meio caminho de casa!

setembro 03, 2023 0 Comments



A meio caminho de casa, com mais de metade dum tempo e lugar que não previra, nem antecipara. A meio caminho de regressar para o que conheço, reconheço, mas mudo, renovo ou adapto, para que me mantenha como sou por dentro, inquieta, mas ainda assim numa quietude que me segura a cada dia mais.

A meio caminho de retomar os sabores, os sons e cada nascer e por do sol. A meio caminho de me regenerar o suficiente para agradecer, verdadeiramente, por tudo o que tenho e por cada uma das pessoas que fazem esta caminhada comigo. A meio caminho de acumular ainda mais caminhos que me permitam continuar a evoluir, conhecendo-me bem melhor e sabendo que já sei de quase tudo o que preciso, para fazer bem as coisas, fazendo-me cada vez mais e melhor no processo.

A meio caminho de regressar para a casa que transformei em lar, inteira, mas já limpa de alguns dos pedaços que me prendiam nem eu mesma sei ao quê. A meio caminho de casa, ansiosa, mas resistindo à ansiedade que poderia estragar o que ainda preciso de experienciar. A meio caminho de já saber o caminho que farei, igual geograficamente, mas tão diferente que quase duvido do que fiz e superei, superando-me. A meio caminho de mais feitos e de ainda mais sonhos. A meio caminho de casa, porque é para casa que preciso sempre de voltar. A meio caminho da casa que já não está vazia e onde cada parede respira da alma e do coração que coloco em tudo o que faço. A meio caminho de ter o meu caminho de volta!

2.9.23

Sim, sou feliz sem ti!

setembro 02, 2023 0 Comments



Sim sou feliz sem ti, e só não o seria, se tivesse sido verdadeiramente feliz contigo!

Sou feliz com a paz que me invade quando não preciso de me justificar e inevitavelmente infeliz sempre que não encontro justificações para o que és e fazes. Sou feliz com os sons que uso, porque sou feita de muitos, mas sabendo que nunca o serei com os barulhos ensurdecedores que te envolvem, por estares demasiado virado para o mundo exterior. Sou feliz incluindo-me em cada decisão e escolha, algo que te viste sempre incapaz de fazer. Sou feliz sem qualquer esforço e dependendo apenas de mim, porque sou capaz de acordar e adormecer sozinha, mas sempre comigo.

Somos seres adaptáveis, mesmo que nos envolvamos em hábitos e rotinas. Somos maleáveis e capazes de mudar até de quadrante, se o lugar e o sentir não forem os que nos representem, mas não o seremos todos, uns quantos, alguns de nós, nos dias de hoje muitos mais do que o desejável, não mudam, não refletem e reincidem, porque repetir é simples e não obriga a esforços desmedidos. Somos cada vez mais egoístas, mas tendemos a exigir muito dos outros. Somos ingratos com os que nos respeitam, mas enchemos de "tudo" os que nunca nos darão nada que permaneça. Somos uma geração demasiado devastada emocionalmente, mas não vou dizer que me surpreendo.

Sim, sou feliz sem ti e sê-lo-ei bem mais quando já não me lembrar do motivo pelo qual achei que poderia, alguma vez, ser feliz contigo.

31.8.23

Queres fugir do amor?

agosto 31, 2023 0 Comments


Não tenho forma, nem desejo, de fugir ao milagre do amor. Não tenho como deixar de lado o que ladeia toda a minha vida, conferindo-lhe sentido e sabor. Não tenho como escolher a dor, quando liberto tanto amor e permito que saia por todos os poros, jorrando sob quem me souber de que forma me amar.

De que forma se desperdiça o que nos engrandece e fornece o combustível que suaviza as quedas e os ressaltos do mundo? Para onde se olha quando não existe ninguém para quem olhar e nenhum amor para partilhar? Por que motivo se aceita o pouco, o de sabor fugidio e as palavras que se perdem no ar pelo vazio e inconsistência? Porque é que ainda esbarramos em quem não segura com ambas as mãos o amor que lhe é atirado, devolvendo-o para que nunca se perca?

Não tenho forma nem formato melhor do que aquele que me enche e preenche o coração. Não sei amar aos pedaços e nunca dou sempre na proporção do que recebo. Não faço perguntas em vão e nunca deixo de responder a quem precisa de me ouvir para saber o que sentir. Não vou apenas por ir e pretendo sempre voltar mais inteira e engrandecida. Não aceito menos do que mereço e faço sempre por merecer tudo.

O que é que importa para quem se quer verdadeiramente importar com o que nos adoça os lábios, colocando luzes e cores onde apenas existia escuridão? Espero e desejo que importe o amor, o cuidado, a verdade e a firmeza. O que é que nos alimenta mais do que comida e nos hidrata melhor do que a água? A resposta caberá inteira a "ti", tal como as escolhas que fizeres para que possas ser contemplada na vida de alguém, saindo do anonimato, mesmo que metade do mundo não saiba da tua existência. O que é que nos confere força, coragem e certezas até nas dúvidas? Espero não precisar de te responder, porque o que te desejo é um amor do tamanho daquele que consigo sentir, até e quando não sou devidamente amada.

26.8.23

Somos tão pequenos sem amor!

agosto 26, 2023 0 Comments



Somos tão pequenos sem amor. Saboreamos pouco, ou nada, quando as nossas bocas não usam e abusam, para além dos beijos, das palavras que nos levam em cada som, dando-nos em pedaços que sobram e fazem falta. Perdemos tanto da vida se a vivermos apenas sobrevivendo e sem partilhas que nos colem a outro ser. Colecionamos doenças da alma e da mente se não nos oferecermos com tudo o que acumulámos, para que alguém se enriqueça e se una. Somos mais frágeis se sozinhos, mesmo que resistentes por inerência. Somos subtraíveis se não existir, por perto, quem nos some cada emoção, multiplicando a vontade de permanecer, por tempo indeterminado, a criar e a ter emoções. Somos tão pequenos sem amor!

Já tenho como falar de todos os sentimentos que me construíram e fortaleceram, até quando pareciam abanar-me as estruturas que ainda tentava solidificar. Sei o sabor do desamor, mas já me lambuzei em amores que me fizeram querer continuar a replicá-los. Já fui a pessoa mais importante de alguém e já tive, comigo, a pessoa que reconheci, escolhi e recebi. Já me refiz no molde do amor, renascendo mais inteira, mais capaz e ainda mais plena para o poder dividir. Já quase desisti de o encontrar, mas apenas até perceber o quão cíclicas são as estações, tal como as emoções. 

Somos e seremos sempre demasiado pequenos sem amor, mas alguns não desistem de o receber, aninhando-o nas conquistas e acertos, mas aceitando-o quando e de cada vez que seja difícil e carregado de escolhas erradas. Somos o que conseguirmos fazer sentir, porque não existe outra forma de sentirmos o que mudará todas as viagens, preferencialmente para melhor. Somos feitos de outras partes inteiras e é por isso que permaneço na busca da minha, porque somos tão pequenos sem amor.