Sabes que és bonita?
Chamaste-me de bonita e ainda referiste que tenho um olhar penetrante. Elogiaste a minha voz, dizendo que te envolvia, tanto, que te sentias incapaz de dizer TUDO o que estavas a sentir. Tocaste-me o rosto de mansinho, sem me tentar beijar, mas preciso que saibas o quanto me senti beijada pela tua atenção e cuidado. Prometeste manter-te como precisasse, mas movimentando-te à velocidade que imprimisse, porque há muito me esperavas. Chamaste-me de bonita e não me soou a elogio barato.
- Estás danificada, ou dolorida para lá do reparável?
- Não, porque nunca permaneço demasiado tempo no que me rouba tempo.
Falaste sem reservas nem medos e em nenhum momento mediste ou pesaste o que dizias, seguramente que na ânsia de te passares como acreditas ser. Riste de forma desprendida e contagiaste-me pela aparente ausência de restrições. Soubeste como me receber, mas foste igualmente recebido como sei fazer. Abriste-te até te consegir ver a alma e mesmo que me tenha retraído, tomaste a dianteira sem esperar que te imitasse. Foste sendo e isso sentiu-se até quando te sentia as mãos firmes e fortes a segurarem as minhas, como que a impedir-me de desistir.
- Sabes que podes dizer tudo e que dificilmente me chocarás?
- Sei que eventualmente te ensombrarei com os muitos pensamentos a que me permito, mas percebo que já viveste umas quantas vidas para me aguentares.
Despedimo-nos a parecer um até já, porque foi rapidamente que viraste, acelerando na necessidade de me voltares a prometer, mas sem palavras, que estarias para ficar se te recebesse. Sentimo-nos sorrir no abraço que nos enlaçou a coragem de recomeçar e foi assim que nos vimos afastar, enquanto o sol nos brindava com uma nova esperança.