26.11.23

Gostava de saber quem és!

novembro 26, 2023 0 Comments



Gostava de saber, ou de ter sabido antes, que não seria a pessoa certa para quem julgava poder acertar comigo. Precisava, lá atrás, de ter entendido que nem sempre carregamos o que o outro precisa, sobretudo quando nem ele sabe do que precisa verdadeiramente, mas faltava-me coragem para aceitar que estava a ver exatamente tudo para o qual olhava e que jamais poderia ser vista por mim. Gostava de me ter dado menos, mas hoje não seria tão forte e determinada.

Ser ligeiro, sem demasiados planos ou a planear apenas o que chegar, torna as pessoas menos exigentes, mais planas e nada dadas a confrontos pessoais, até porque nem se conhecem o suficiente para o fazer. Ser dos que apenas habitam o planeta, correndo se todos correm, ou andando por onde é recomendado, deve ser tão tranquilo e seguro, que nada fará com que arrisquem querer, pensar e ser, apenas porque sim. Ser igual a todos, mas almejando a diferença, não é algo que se conquiste do nada e é por isso que muitos nada desejam a não ser ter, para que não lhes seja exigido ser. Ser pequeno quando o mundo é tão grande e, radiante e pleno de tudo o que imaginamos ou sonhamos, só poderá ser entendido e aceite por quem aceitar o que chegar, não importa o quê.

Gostava de saber ao que sabe um amor sem esforço, sem planos que me arremessassem qualquer possível plano para bem longe e sem desculpas que me retirassem a responsabilidade de apenas ser feliz. Gostava de um dia poder apenas gostar de quem já gostasse de mim, assim, de forma simples e sem que precisasse de o pedir. Gostava de "te" já ter aqui, quem quer que soubesses e fosses capaz de ser.

24.11.23

Já alguma vez te amaram como amas?

novembro 24, 2023 0 Comments


Já alguma vez quiseste alguém mais do que a ti mesma, mas apenas para perceber que nunca serias tão importante quanto a importância que davas? Já alguma vez sentiste que mesmo dizendo tudo, jamais ouvirias o que te mudaria os dias? Já alguma vez tiveste a certeza de que encontraras quem te manteria o coração no lugar certo, mas sem que pudesses aquecer o coração que o teu escolhera? Já alguma vez choraste tanto que te sentiste secar por dentro?

O amor não contempla dúvidas prolongadas, nem tentativas repetidas até à exaustão. Ter o coração ocupado com quem nos remove a paz e gela as extremidades, não justifica o que possamos sentir, até porque nunca o poderemos fazer sozinhos. O amor chega quando bem entende e por vezes só entendemos, mais tarde, o motivo pelo qual nos reaqueceu cada membro entorpecido. O amor que sei poder dar nunca me foi dado da mesma forma, não ainda e seguramente que não enquanto continuar a escolher quem não me escolheu. O amor, esse estágio compreensivelmente sonhado, apenas toca uns quantos, e desejá-lo com todas as forças que sei ter, jamais me fará chegar como sou na verdade, não para quem me inundar de mentiras.

Já alguma vez sonhaste com um fim anunciado, acordando com a sensação de que tua luta inglória terminara?

20.11.23

O que foi que me ensinaram?

novembro 20, 2023 0 Comments



Ensinaram-me, talvez não por palavras, que poderia ser tudo, sendo mulher. Mostraram-me o mundo onde não gostaria de viver se fosse apenas mais uma e por isso mudei-o, mudando-me. Provavelmente não o soube de imediato, mas hoje, muitas décadas depois, percebi que todas as outras foram sendo apenas ensaios para aquilo em que me tornaria. 

Viver como era expectável, mas sendo criativa, diferente e cheia de lugares que não poderia mencionar, sob perigo de parecer louca ou desfasada, tornou-se um objetivo, mas igualmente um desafio. Viver de forma intensa, mas apenas por dentro, porque o exterior roubava-me as cores, os sonhos e as habilidades, capacitou-me para o que experiencio ainda hoje. Viver sendo apenas eu, para mim, mas outra para os que precisam de me catalogar para entender, permitiu-me lugares seguros e que domino inteiramente.

Ensinaram-me a recusar o que aparentemente será natural, ou comum, porque nunca me consegui identificar com a pequenez, a falsidade e os automatismos, sendo apenas porque todos o eram. Mostraram-me igualdades tão diferentes das minhas, que passei a ser apenas da minha maneira, mesmo que choque ou perturbe. Tentaram, sem efeito, que seguisse o rebanho e não elevasse demasiado a voz, não fosse ser realmente ouvida, e passei apenas a dizer e a fazer o que me permite sossegar sempre que me avalio e olhem que o faço diariamente.

Ser eu, enquanto me recuso apenas a sê-lo, sem conteúdo ou referências que me diferenciem, continua a dar-me imenso trabalho, afastando os que não sabem de que forma saber quem sou realmente, mas é apenas assim que andar por aqui me faz sentido. Ser eu é naturalmente solitário, até quando finjo estar onde estão uns quantos. Mas ser eu  restaura-me todos os sorrisos, mesmo aqueles que ninguém vê.

19.11.23

O que tenho da vida?

novembro 19, 2023 0 Comments


Tenho a cada dia menos medos e sou, a cada dia, menos avessa a ser apenas eu. Tenho um olhar peculiar a respeito de mim e de tudo o resto, mas deixei de me catalogar, aceitando que é na diferença que me permito mais e melhor. Tenho objetivos claros acerca do que faço por aqui e passei a fazer apenas o que tiver sentido e me permitir sentir-me em cada movimento. 

A vida tem sons perfeitos e se os soubermos ouvir, vamos seguramente encurtar passadas desnecessárias. A vida é um constante subir e descer, para que possamos ver melhor e mais longe. A vida é o aqui e agora, com quem estiver e com todos quantos possam verdadeiramente ficar enquanto estiverem. A vida são escolhas conscientes ou arrojadas, até quando sabemos pouco sobre o resultado final, mas antecipando-o.

Tenho a cada dia mais certezas quanto ao que preciso, para ir precisando de muito pouco, a não ser de verdade, de amores que me curem do que não sei curar sozinha e de sorrisos que me saiam bem de dentro, assegurando-me da pessoa que sei ter-me tornado. Tenho, a cada dia, mais vontade de fazer apenas o que me deixar capaz de ainda mais vontade de viver assim, ao meu ritmo.

16.11.23

O que é que não tenho se não te tiver?

novembro 16, 2023 0 Comments



O que é que não tenho se não te tiver? Não tenho dores de alma, amargos de boca ou sequer dúvidas que me assolam quando tento ser algo ou alguém. Não tenho nada que me deixe a sentir pequena, insuficiente ou pior ainda, igual a todas as outras. Não me tenho cheia de incertezas e seguramente que não tenho olhares que nunca me olham. O que é que me falta se me faltares? NADA, porque já tinha TUDO quando os nossos destinos esbarraram apenas para interromper o meu. O que é que sinto quando não te estou a sentir? Paz e sorrisos reais e simples. Sinto a terra molhada debaixo dos pés descalços e o calor que me banha os cabelos que afago sozinha, mas inteira. O que é que sonho, ou com quem, se não fizeres parte dos meus sonhos? Sonho comigo feliz, quieta, mas tão acelerada, que até a sonhar sou bem mais completa. O que faço dos meus dias se não fizeres parte deles? O que sei e consigo, porque faço sempre muito e tudo por mim para que um dia faça algo por alguém que me mereça.

O que é que não tenho se não tiver? Não tenho a imperfeição das palavras que usavas sem me incluir, mas que atiravas para me iludir. Não tenho a confusão que me tolhe os movimentos, nem a ilusão de poder ser alguém para ti. Não tenho medo do futuro, porque cuidei o bastante do meu passado para aceitar que já não faças parte do meu presente.

15.11.23

Não sou igual a ninguém!

novembro 15, 2023 0 Comments



Não sou igual a ninguém. Não desejo o mesmo, nem me importo com o que entendem ser desejável. Não olho para ser olhada e vejo sempre para lá do que mostram, mesmo que isso me deixe ainda mais sozinha e desigual. Não procuro para que me possam encontrar e não digo o que desejam ouvir, talvez porque ainda não tenham ouvido o que na verdade importaria e mudaria tudo. Não me dou para que me reconheçam o que me é natural e sou, a cada dia, naturalmente mais reservada. Não sou igual a ninguém, porque não imito, apenas sinto, sentindo-me.

Estou sozinha por escolha e cedo aprendi a escolher o que me reflete e cura dos males do mundo, porque parecem ser muitos e disparados de todas as direções. Estou mais no meu canto e lugar, sabendo que ele será onde eu for e me puder rever. Estou a esforçar-me por tolerar os que me amargam a boca, porque a verdade é que até esses me melhoram. Estou e estarei sempre aberta ao amor que multiplico até para os que o fizeram diminuir, porque acredito que os semelhantes se encontram, descruzando as linhas que uns quantos ataram sob si mesmos. Estou mais sábia, segura e determinada a manter a determinação que me eleva e permite chegar a qualquer lugar novo e real.

Não sou igual a ninguém e não me esforço por caber onde outros se encolhem, esmagam e mascaram com medo de não pertencer. Não me volto para que reconheçam, ao invés sigo, em frente, sabendo que um dia "estarás" do outro lado à minha espera. Não sou igual a ninguém, mas não desisto de esperar por quem se me assemelhe.

11.11.23

E se morresse hoje?

novembro 11, 2023 2 Comments


Se morresse hoje, o que te faltaria, ou que partes de mim levarias para o tempo que o meu teria visto interrompido?

Do lado de lá, na dimensão da qual nenhum voltaria a ser ou a sentir, estou segura de que te veria e manteria onde ainda permaneces. Saber do que sei, porque cedo me fez sentido, assegura-me de que não terei do que reclamar por te ter escolhido. Mas entender e aceitar que pouco está nas minhas mãos no que te toca a ti, já me tocou tão dentro, que aprendi a deixar seguir, seguindo na viagem que me confiara antes.

E se morresse hoje, não por ter partido, mas por me teres partido em pedaços, quem continuarias a ser e o que conseguirias ver, se eventualmente soubesses para onde olhar?

Aqui, onde me encontro, neste lugar que me ofereci, acreditando que me saberia honrar, a liberdade insufla-me de forma determinada o corpo e a alma. Aqui e no agora, estou a aprender a soltar o controlo que erradamente acreditava ter, permitindo-me a espera que vai deixando de me desesperar. Aqui e em cada momento novo, renovo os votos de todo o crescimento que ainda me falta somar. Aqui e pelo tempo que parei de me recriminar por não te ter sabido conquistar, sinto que conquistei o direito de me continuar a respeitar. 

Se morresse hoje, já não terias como saber ao que sabe um amor com o qual apenas escolhemos amar.