Será que és tu?
Sue Amado
agosto 08, 2018
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Vi-te chegar, de mansinho, mas capaz de derrubar todas as paredes nas quais ninguém se arriscava a encostar. Permiti, nem sei muito bem como, que me lavasses de alguns amores distantes e ainda assim tão presentes que me impediam de sonhar. Sorri, toda eu, com as palavras que já ninguém usava e fui apenas eu outra vez, sem promessas, sem esperas prolongadas e sem lugares que não reconhecesse. Pedi para que fosses paciente, mas desejei que não te segurasses na espera que acabaria por me matar.
- Acho que morreste há algum tempo, mas nem conseguiste perceber.
- Não é o que acontece aos mortos?
Rimos os dois, e rir contigo trás os risos que me poupei, enquanto esbanjava amor sem retorno!
Vi-te por dentro e gostei, talvez porque não me tenhas dado tempo para pensar. Vou ter que deixar, de alguma forma, que me tragas o novo, até o que assusta e quase impede de funcionar, ou de contrário acabarei com o que resta e já me parece tão pouco. Soube que podia. Entendi que devia e permiti-me reencontrar o que terá que ser meu, na tua forma, ou na que finalmente me assentar.
- Afinal não estou assim tão morta...