16.2.22

Ainda estou aqui!

fevereiro 16, 2022 0 Comments



De que forma se remenda um coração partido? Para onde se reenviam as dores que nos parecem ter oferecido, mas que seguramente não pedimos e que não têm morada postal? Como se encara o amanhã e todos quantos virão depois de nos terem dado a provar o amargo sabor dum passado sem retorno?

Ainda sinto, acordada e a dormitar, os cheiros que te distinguem de todos os outros. No ar parece pairar o que me arrepia a nuca e me deixa com vontade de já não ter apenas vontade de ti, mas de te tocar e ter por perto. Sei do que me fala a mente e carrego, de forma bem determinada, a razão que me promete superar os delírios do coração. Vou e venho, jurando que te esqueci, mas a verdade é que continuo a lembrar-me de tudo de forma tão clara, que me recuso o inevitável falhanço que escolho acreditar não ter sido originado por mim. Ainda me chove na alma e até mesmo os dias de sol radioso escurecem de cada vez que pronuncio o teu nome. 

De que forma te convenço a que uses os dias que ainda nos restam, para me ofereceres uma explicação que não permita dúvidas? Por onde andas agora que já não te oiço os passos e deixei de sentir o que sentias por mim? Como é que resistes a tudo o que representei na tua vida e para que lugares foges de ti, mesmo que sem qualquer sucesso?

Ainda estou aqui, não para que reatemos o que se quebrou, mas para que me devolvas a mulher que te ofereci e a quem deixaste partir. Ainda tenho guardadas as palavras que te sararão e me permitirão continuar, mas mesmo que pudesse, agora e hoje, mudar o que nos quebrou, vou continuar a permitir que tenhas nas mãos o fim que ditará um merecido reinício. Ainda estou aqui e sei que sabes.

15.2.22

Acordaste-me para ti!

fevereiro 15, 2022 0 Comments



Acordaste-me como sempre fazes, devagarinho e a soprar-me as palavras que me deixam a sorrir antes mesmo de abrir os olhos. Beijaste-me com intensidade, como fazem os apaixonados e os que sentem nas certezas do amor as dúvidas que a falta dele provocam, e disso já sabemos ambos. Acariciaste-me o rosto que mantenho voltado para ti e por isso consigo ver nos teus olhos tudo o que os meus já conhecem e reconheceram desde o primeiro dia. Acordaste-me para que viaje contigo nesta vontade de unirmos os corpos como apenas nós sabemos, fazendo amor até que nos obriguemos a parar, regressando à vida que nos espera lá fora. Acordaste-me do sonho que te incluía, mas no qual dificilmente teria as sensações que me passas e sem as quais nada seria igual.

Quase que não me consigo recordar de quem era antes de ti e já nem me esforço para reconstituir as histórias, lugares e pessoas que deixaram de estar porque deixei de me importar. Amar só poderia ser assim, até porque me recusava a ter menos, sentindo em metades e precisando de me explicar para o que teria que ser claro como água. Sentir-te fez-me perceber tudo o que nunca havia sentido antes e o quanto estava adormecida. Ouvir as palavras que nem precisas de dizer, porque as usaste vezes que bastassem, deixa-me atenta a todas as partes de ti. Percorro cada pedaço de corpo que me pertence, fixando-me nos pontos que beijo para que te arrepies comigo. Enrolo-me, cansada, nos braços que me acolheram mal entendeste que a minha força era feita das fragilidades que me recusava a mostrar e entrego-me à única pessoa em quem confio.

Acordaste-me hoje como tens feito desde que a nossa história começou e mesmo que saiba muito pouco sobre o que ainda nos espera, não desisto de esperar pela generosidade da vida que nos juntou. Acordei com o som do amor que me tens, mesmo que cheio de silêncios, arriscando antever um futuro previsível, quieto e seguro, mas revolto o bastante para que nunca precise de ser de outra forma.

13.2.22

Eu e eu mesma...

fevereiro 13, 2022 0 Comments



Sempre que tiro uns minutos do meu tempo, converso comigo, posso dizer que eu e eu mesma, a de antes e a de agora, nos debruçamos sobre os mais variados temas, sendo que o principal passa pela nossa mudança interna. Sou claramente duas, ou três em dias mais agitados, mas a parte que me soube serenar, trouxe ao de cima o melhor. Estamos diferentes, mas escutamo-nos com alguma frequência, porque os ajustes terão que ser constantes. Estamos mais fortes, mas não fugimos das fragilidades que nos carregaram em todo o percurso. Estamos mais conscientes do que NUNCA mais permitiremos, mas a doçura permanece, tal como a disponibilidade para os que nos procuram. Estamos menos voláteis e isso confere-nos mais crédito aos olhos dos outros. Estamos, mais do que nunca, com receio de que o tempo que nos resta, não baste para todo o amor que ainda pretendemos viver. Estamos definitivamente mais unidas do que nunca.

Sempre que paro e agora até que o faço regularmente, o mundo também roda mais devagar e consigo ouvir as palavras de todos quantos comigo se cruzaram, as boas, as azedas, as que indiciavam medo, insegurança e que entendi mal, ou escolhi ignorar. Sempre que aceito as diferenças e incapacidades, melhoro-me, restauro-me e percebo o quanto já evoluí e cresci, como mulher, mãe, amiga e quiçá futura companheira de alguém. Sempre que o "para sempre até que dure" me roça os lábios, fazendo-me sorrir, aprendo a tirar partido do que existe agora e que poderá até nem permanecer, mas que será integralmente vivido.

Sempre que souber como me levar, carregando o que amealhei, terei as certezas que me ameaçavam fugir, mas que sempre me pertenceram por direito!


Sabes o que queres de ti e da vida?

fevereiro 13, 2022 0 Comments

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Estarmos na frente dos desejos que parecem circular de forma livre, a espicaçarem-nos a capacidade de agir, soa a fácil, ou a possível, mas é bem complexo, porque obriga às certezas que nem sempre carregamos. Sabermos do que nos sabe a certo, até quando é declaradamente errado, deveria servir para que nos servíssemos melhor, mas ainda assim arrasta-nos para os caminhos mais obscuros da mente, a tal que nos trouxe até a este século e ainda nos mantém vivos e "protegidos". Aprendermos sobre o que ninguém parece saber ensinar, revolvendo-nos os lugares supostamente tranquilos e vetando-nos à intranquilidade que apenas nos faz crescer, magoa e assusta, mas traz como presente a superação, porque fazermos escolhas que nos mantenham vivos, até quando a "morte" parece pairar cheia de determinação, fortalece-nos o bastante para que mais nada ou ninguém nos derrube, não com tanta frequência. Estarmos onde nos faz bem estar, ficando se fizer sentido e partindo quando o encanto nos desencantar, é quanto nos basta para serenamente triunfar.

Sabermos o que queremos e precisamos de nós, é tão fundamental quanto dormir e acordar, estragar, mas apenas para poder consertar. Termo-nos em grande consideração, para que possamos melhor considerar os outros, os que contam e acrescentam, confere-nos armas poderosas e é com essas que devemos "lutar".

10.2.22

Incursões ao passado...

fevereiro 10, 2022 0 Comments


Deveríamos saber de que forma nos proibir as incursões ao passado, por mais curtas, porque na verdade magoam e fragilizam mais do que curam e resolvem!

Estar distante do que me deixou impotente e tão vazia que me mudou para sempre, é o que tenho feito, mas e porque também sou humana, escolhi espreitar o caminho das palavras escritas e trocadas quando ainda acreditava ter o poder de mudar quem me fez saborear um amor que parecia maior que eu mesma. Li cada uma e senti TUDO da mesma forma que então. Ouvi os sons, encolhi-me com as lágrimas que acabaram por me lavar por dentro e ainda consegui sorrir algumas vezes à paciência e entrega que já não ofereço, não a quem não me consegue ver, entender e respeitar. Arrepiei-me com as desconfianças e todas as inseguranças que apenas nos afastaram. Percebi que a dado momento deixáramos de nos perceber e que cada um desfilava as suas dores sem se saber parar, talvez por  autodefesa ou total desconhecimento. Ouvi as músicas que me acompanhavam enquanto me sentia o ser mais só do planeta e me escondia dos que pretendia proteger. Recordei mais do que desejava, mas ainda assim desejei poder reverter o tempo e falar à então mulher de asa quebrada, para lhe assegurar de que iria sobreviver e sair ainda mais fortalecida de tudo. 

Deveria ter confiado mais em mim, largando de sopetão a mesma mão à qual me agarrei, mas lá, no que hoje chamo de passado, não sabia nem tinha mais. Deveria ter vivido com mais intensidade, porque sempre soube que terminaria, mas porque sempre fui contida e sensata, cometi a insensatez de me aprisionar. Deveria ter beijado mais, abraçado com mais força e feito ainda mais amor, dando ao corpo os prazeres que agora me recuso. Deveria ter olhado com atenção para dentro dos olhos que me viam, assegurando-lhes de que ficaria tudo bem e que acabaríamos a sobreviver à falta que seguramente ainda sentimos da pessoa que ambos julgávamos existir. Deveria ter feito muito, mas agora devo-me a dormência e a tranquilidade que já não precisa de ser dissimulada, porque se instalou. Deveria, lá atrás, mas somente no passado que me inspira a ter um futuro à minha altura, porque já não me devo mais nada, não no que a este amor diz respeito.

9.2.22

Quem acreditaria em nós, se não nós mesmos?

fevereiro 09, 2022 0 Comments



Quem acreditaria que nós, eu e tu, ainda nos permitiríamos sonhar, sentir e viver um amor assim?

Sei que a nossa proximidade emocional consegue colmatar a que nos é imposta geograficamente. Sei que o que temos e toda a vontade que nos envolve até no mais pequeno, basta para que este amor vá bastando e para que o caminho nos seja revelado em cada passada. Sei de tudo o que já aprendi contigo e o quanto o que te ensino faz de ti o parceiro da vida que desejo viver. Sei que lá à frente, quando nos recordarmos do que nos juntou, saberemos o motivo pelo qual continuamos juntos.

Quem acreditaria, para além de nós, de mim que já estava de costas voltadas ao amor, e de ti que ansiavas por me olhar bem dentro dos olhos, provando-me errada, que seríamos as nossas pessoas certas?

O que escolhermos colocar na dianteira, será o que nos levará vida fora, até ao tempo e momento em que se entranhará de forma natural e passará a fazer parte de cada hora. O que dermos de forma altruísta, sem reservas, mas reservando-nos o direito de mudar estratégias, fará com que recebamos tudo de volta. A vontade de mantermos acesas as vontades que não nos cabem moderar, ditará o quanto ficaremos mais ou menos perto de ter razão. A esperança perante a casa que cada um representará para o outro, não importa o lugar, importará para que a nossa coragem nunca nos abandone e representemos, juntos, a fórmula que nunca funcionou enquanto separados. 

Quem acreditaria, alguma vez, que estarmos juntos seria maior do que toda a solidão que quase nos impediu de confiar?

Estou aqui e já não preciso de te procurar. Estás aí e ver-te fez-me reencontrar o melhor de mim. Estamos aqui e assim continuaremos até que os lugares emocionais superem os físicos, pequenos e efémeros.