15.4.23

Os sons do vazio!

abril 15, 2023 0 Comments



O vazio que se instala, à nossa revelia, quando julgávamos ter e dar tanto, não pode ser alimentado, mesmo que para isso tenhamos que sair de nós e olhar numa outra perspetiva!

Nunca seremos a pessoa de alguém se não nos reconhecerem. Jamais abriremos as portas que não nos pertencem, quando muito espreitaremos por onde nos for permitido. Em nenhum momento poderemos chamar a nós quem não nos tiver planeado e desejado o bastante para nos acolher.

O vazio que nos encolhe os movimentos, terá que ser visto apenas como um novo estágio, entendendo que depois dele já teremos entendido tudo. Estar com quem apenas estará em algumas metades, estilhaça a nossa parte inteira e encolhe a vontade de voltar a arriscar. O vazio magoa até os mais puros e os menos sofridos, porque é o pronúncio do que voltaremos a ter, mas será sempre depois do vazio que os sons seguros chegarão.

Espera, aceita e recruta toda a tua sabedoria e recursos, para que saibas quando e onde te renovar. Continua a ir aos meus lugares, mas a aceitar os novos. Reergue-te de cada vez que o chão ficar mais próximo, porque de cada vez que levantas o olhar, percebes que para além da tua dor existe amor, mais vida e alguém que te espera.

Os sons do vazio que não conheço em absoluto, porque me encho e preencho de outros que me refletem, mas aos quais nunca serei imune, transformam-me para que me melhore e fortaleça.

14.4.23

Por um só momento...

abril 14, 2023 0 Comments



Por um momento, um só, no qual saberia quem sou para ti e o que te faria fazer de mim a mulher que sinto, mudaria quase tudo do que já fui e tive. Por uns quantos minutos de certezas, certificar-me-ia da minha presença, estando inteira e pronta. Por cada um dos beijos nos quais teria a tua boca sem condições nem reservas, beijar-te-ia de volta, envolta nos sonhos que nos teriam juntos. Por uma noite sem nuvens pesadas e de lua cheia, encheria a alma dos sentimentos que me saberias passar. Por um amor igual ao meu, morreria sabendo que continuaria a voltar. Por um punhado de palavras reais e sem entrelinhas, ouvir-me-ias dizer o que nunca mais recearia repetir. Por dias calmos, meus e teus e nos quais saberíamos sempre o que esperar, quando e porquê, jamais voltaria a duvidar. Por mim que ainda não conheci o amor verdadeiro, entregaria tudo o que me define e cobre a pele. Por ti que ainda apenas sabes gatinhar, seguraria ambas as mãos e far-te-ia caminhar. Por um momento no qual estivesse segura de tudo o que ouvisse, apenas me ouvirias dizer o que tantas vezes repeti, mas que me traria tudo o que acabei a ter que pedir.

A loba solitária!

abril 14, 2023 0 Comments


Já deixei de permitir que os dias apenas passem por mim e é por isso que vou usando as minhas passadas, sabendo que me levarão ao meu lugar. Há muito que desisti de me querer assemelhar aos outros, até porque não os entendo nem descodifico, ao invés escolho saber o que sou e o que é suposto fazer por aqui. Há um par de anos que já olho para todos os momentos de forma mais atenta, responsabilizando-me por cada escolha e até pela falta de alguma. Agora já não me seguro de cada vez que me tentam abanar, e mostro, de forma convicta, que terá que ser da minha forma, mesmo que escolha adaptar o formato.

Ontem foi o dia do beijo e não pude deixar de me questionar sobre o que seria e teria, a mais, se me soubesse beijada e não somente num dia. Não sou apenas uma loba solitária, também aspiro a toques sentidos e verdadeiros, daqueles que me arrepiariam pelas certezas e que me arrancariam dos silêncios. Sinto falta de fazer falta a alguém. Penso, inúmeras vezes, no que significaria estar com quem estivesse mesmo e me sossegasse a mente inquieta. Sei que fujo dos amores que apenas eu desenharia, na esperança de me cruzar com algum que viesse devidamente desenhado para mim, porque estou consciente das inevitáveis improbabilidades. Somos seres únicos, carregando demasiados pesos desnecessários e padecendo de dores muitas vezes invisíveis que infligem ainda mais dor.

Já deixei de levantar os que escolhem ficar pelo chão. Já não me explico demasiado, bato em retirada da mesma forma tranquila e intempestiva com que cheguei, porque nunca serei apenas uma, recolhendo ao meu lugar emocional. Já quebro menos, sabendo que apenas assim me impedirei de partir. 

13.4.23

Sou eu, assim!

abril 13, 2023 0 Comments



Sou tão responsável pelo meu estado emocional, quanto o serei pelos sentimentos que provocar no outro. Sou o princípio da minha construção e o resultado do que atingirei quando me sentir plena. Não estarei sempre em alta e jamais imune ao exterior, mas seguramente que melhor armada para as necessárias defesas. Sou a que escolhe, mas também é escolhida. Sou a que reavalia o que erradamente avaliou, mas que também redireciona o que não funcionou. 

Olha para o espelho que te refletirá a alma e percebe quem és. Deixa de querer parecer o que rapidamente deixarás de ser e escolhe a verdade para que te pares de mentir. Aceita as viagens, os olhares mais profundos e por vezes sem brilho, mas não te fixes demasiado tempo num mesmo lugar. Fala-te com determinação e acresce ao que já tens o respeito que terás de volta. Protege o coração para que não padeça em vão, até quando mais nada te parecer possível remendar, porque acabarás sempre a fazer o que for melhor para ti. Ama, até quando amar souber a pouco, mas permitindo-te ser amada por quem te irá estender a mão que permanecerá.

Sou o resultado de múltiplas escolhas, mas acabei sempre por escolher as que melhor me definiam, revendo-me em cada uma. Sou deste formato agora, mesmo que se encaixe em muito poucos, mas consegui encaixar-me inteira em tudo aquilo em que acredito e foi assim que me reinventei e renasci. Sou tão serena quanto as águas tranquilas em dias de sol alto, mas igualmente revolta quando as marés se rebelam contra a lua que as agita. Sou o que faço por construir e planeio continuar até que me permita parar. Sou eu, assim!

12.4.23

Estou no meu lugar!

abril 12, 2023 0 Comments



Não sabes o que sinto, nem o que faço quando estou a ser tão intensa quanto o são as emoções que se me entram dentro e me recordam da mulher que me tornei. Não entendes do que oiço quando nada me é dito e do que nunca deixo por dizer, de contrário implodiria do demasiado que me compõe. Não conheces os meus humores e não acompanhas o amor que seria teu se ao menos te interessasse. Não sabes quem sou porque estiveste desatento.

Estou num lugar demasiado confortável, mas é nele que exerço o único poder que me cabe, o de sentir e respirar à minha velocidade. Estou, outra vez, mais para dentro, desistindo de me mostrar aos que se esconderão, inevitavelmente, porque desistiram de ver. Estou serena o bastante para que também o coração acompanhe a mente que cultivo e com a qual avalio e reavalio o que vale mesmo a pena. Estou mais eu e sinto-o até quando fico quieta, imóvel e livre de olhares que nunca olham na direção certa.

Não sabes o que sinto porque sentes à tua maneira, sem demasiadas ligações e para que possas continuar a viver desligado. Não sabes o que sinto porque não consegues sentir nada por mim.

11.4.23

Já te deste tempo?

abril 11, 2023 0 Comments



Dá-te tempo. Usa o silêncio e sossega-te por dentro para que continues a funcionar por fora, aos olhos dos outros. Dá-te respostas e não segures as perguntas difíceis. Volta ao ponto de partida, se te fizer falta, mas depois avança ainda mais determinada. Pede por um amor que te encha e preencha do que já tens e nunca aceites menos, ou de contrário terminarás mais sedenta ainda, mantendo o círculo vicioso de insatisfações. Dá-te tempo e com ele virá quem se encaixará sem esforço.

O que precisares de aprender só acontecerá em primeira mão, porque o que dizem os outros dir-te-á muito pouco. Vai devagar, desacelera e reavalia, já que nada será exato à partida, mas se for certo as certezas nunca te abandonarão. O que falhares ver será eventualmente visto, se te deres tempo, no entretanto vai-te encontrando nas inúmeras e inevitáveis perdas, porque é apenas a ti que tens quando tudo der errado.

Dá-te tempo se considerares que precisas de parar, mas não te pares demasiado, de contrário estarás apenas a perder tempo!

10.4.23

E porque não?

abril 10, 2023 0 Comments


Já te confessei que me assusta a tua determinação, essa vontade de ir, de arriscar e de fazer acontecer. Não sou a melhor parceira para quem pretende desbravar mundos, começando ou recomeçando onde ou quando a vida o permitir. Faço demasiados cálculos matemáticos, penso e repenso nos efeitos que muitas vezes são colaterais e amassam almas que precisam de viver soltas e livres. Tenho medo de infligir as mesmas dores das quais já padeci e talvez por isso, ou melhor, é mesmo por isso, que me mantenho no meu canto, provavelmente deixando "fugir" quem me faria voltar a viver.

Não estava à tua espera, na realidade nunca estamos, mesmo que por vezes o procuremos. Sem ti o dia teria sido apenas mais um, mas deixaste-me a pensar, sobretudo em mim e no muito de que abdico, para que seja seguro e para que a paz não me volte a abandonar.

Já usámos umas quantas palavras, mas não sei o que foi que te chegou de tudo o que disse. Talvez te tenha motivado pela renitência e alguma teimosia, ou talvez estejas também tu a ser teimoso. Já iniciámos um percurso que poderá até terminar amanhã, mas que por ora serviu para que vá retirar alguns items à lista e definitivamente acrescentar outros. 

Não te disse o que certamente gostarias de já ter ouvido, mas falei-te nos muros e nas armaduras com as quais me tento proteger. Já nos dissemos algumas coisas, durantes uns quantos minutos e já te falei do lugar emocional onde me encontro, mas esqueci-me de te deixar um obrigada por ter conseguido ser eu, mesmo que isso te confunda.