18.4.23

Quem sou e o que faço aqui?

abril 18, 2023 0 Comments


As crises existenciais não são a minha praia. Não gosto de não saber quem sou, o que me cabe fazer e até onde preciso de ir. Procuro, incansavelmente, por cada um dos momentos nos quais poderei ser apenas eu, como me fizer sentido e aligeirar os dias. As conceções na forma de anti-resistência, não me tornam mais resistente, acreditem, já o tentei. As palavras que agora uso bem menos, sobretudo com quem não as entende, explicam-me o que os meus silêncios já descodificam, de forma serena e revolta, mas sempre em meu benefício. A certeza de que sou diferente e que jamais procurarei pelo igual que nos afasta a todos, faz-me continuar a trabalhar no que ainda verei acontecer. Estou bem mais focada em mim e em tudo o que me enche de energias, porque do nada se esvaziam e porque não pretendo esgotar-me para que me escolham. 

Quem sou e o que faço aqui? Continuo a trabalhar ambas as perguntas, porque pareço ser sempre  diferente, dependendo de quem me olha e dos poucos que me conseguem ver. Já faço muito e encontrei uns quantos propósitos, mas com espaço para bem mais. Onde me vejo quando olho para a frente? Em cada um dos lugares para onde seguramente voltarei, porque já estive em cada um. O que posso e devo continuar a dar? Tudo o que conseguir receber de volta e nem uma grama a menos.

17.4.23

Mente-me!

abril 17, 2023 0 Comments


Olha-me nos olhos e mente. Diz-me tudo o que preciso de ouvir, mesmo que estejas a mentir, até porque mentir te desresponsabiliza do que possa vir a sentir. Afaga-me os cabelos enquanto descanso a cabeça no colo que deveria confortar-me, mas ainda assim mente. Toca-me, como apenas a ti permito e mesmo que não te saiba tocar dentro, finge que consigo e mente. Mente para me salvares do que escolhi acreditar e mente de cada vez que duvidar do que sei ser verdadeiro. Mente quando não souberes o que me responder e pergunta-me como estou, mentindo para mostrares que te preocupas. Mente que sentes tanto prazer quanto o meu corpo te mostra, estremecendo com os teus toques e com a tua recusa em te entregares. Mente para que me continue a mentir, enquanto empurro para a frente o nosso final e permaneço incapaz de te dizer a verdade que me corrói. Mente para que não tenha que te cobrar o que nos salvaria e mente-me porque ainda o consigo permitir. Beija a minha boca que procura a tua, esperando que o sabor me saiba ao amor que te sopro e que apenas me devolve as mentiras que te deixei construir, mas que me estão a destruir. Mente-me hoje, porque ainda me recuso a mover as partes de mim que já anteciparam o fim. Mente-me generosamente e acreditando também tu, que poderás continuar a fazê-lo.

16.4.23

Que tudo fosse sobre mim...

abril 16, 2023 0 Comments


Que todos os meus problemas, hoje, fossem o de ter que te convencer do quanto ainda te amo. Que tudo o que carrego dentro te carregasse de forma clara e simples e nunca mais precisasse de te questionar, levando para bem longe tudo o que me afastou de ti. Que cada olhar me fosse dirigido e me devolvesse o sorriso que roubaste e que até o toque não fosse apenas íntimo, mas tão somente verdadeiro. Que tudo fosse sobre mim, se ao menos fosse eu.

A realidade bate forte quando nos recorda de que NADA gira em torno do que acreditamos ser. As pequenas partículas que nos compõem NUNCA bastarão para que o mundo inteiro desate a reconhecer-nos apenas porque existimos. Os tempos terão uma batida própria para quem estiver no ritmo, mas nunca soarão às músicas que nos movem mesmo que consideremos saber dançar. Os encontros e desencontros serão os infindáveis começos e recomeços, mas sem qualquer garantia ou rede de segurança.

Que todos os meus problemas fossem o amor que te tinha antes e que ainda permanece, porque a verdade é que resolvi entregar-te as chaves do que receaste abrir e agora é a ti que te cabe saber o quanto e como me conseguirás amar. Que tudo não tivesse passado apenas dum ensaio, porque hoje estaria a reescrever o que me afastou de mim, mesmo que por poucos "segundos".

15.4.23

Os sons do vazio!

abril 15, 2023 0 Comments



O vazio que se instala, à nossa revelia, quando julgávamos ter e dar tanto, não pode ser alimentado, mesmo que para isso tenhamos que sair de nós e olhar numa outra perspetiva!

Nunca seremos a pessoa de alguém se não nos reconhecerem. Jamais abriremos as portas que não nos pertencem, quando muito espreitaremos por onde nos for permitido. Em nenhum momento poderemos chamar a nós quem não nos tiver planeado e desejado o bastante para nos acolher.

O vazio que nos encolhe os movimentos, terá que ser visto apenas como um novo estágio, entendendo que depois dele já teremos entendido tudo. Estar com quem apenas estará em algumas metades, estilhaça a nossa parte inteira e encolhe a vontade de voltar a arriscar. O vazio magoa até os mais puros e os menos sofridos, porque é o pronúncio do que voltaremos a ter, mas será sempre depois do vazio que os sons seguros chegarão.

Espera, aceita e recruta toda a tua sabedoria e recursos, para que saibas quando e onde te renovar. Continua a ir aos meus lugares, mas a aceitar os novos. Reergue-te de cada vez que o chão ficar mais próximo, porque de cada vez que levantas o olhar, percebes que para além da tua dor existe amor, mais vida e alguém que te espera.

Os sons do vazio que não conheço em absoluto, porque me encho e preencho de outros que me refletem, mas aos quais nunca serei imune, transformam-me para que me melhore e fortaleça.

14.4.23

Por um só momento...

abril 14, 2023 0 Comments



Por um momento, um só, no qual saberia quem sou para ti e o que te faria fazer de mim a mulher que sinto, mudaria quase tudo do que já fui e tive. Por uns quantos minutos de certezas, certificar-me-ia da minha presença, estando inteira e pronta. Por cada um dos beijos nos quais teria a tua boca sem condições nem reservas, beijar-te-ia de volta, envolta nos sonhos que nos teriam juntos. Por uma noite sem nuvens pesadas e de lua cheia, encheria a alma dos sentimentos que me saberias passar. Por um amor igual ao meu, morreria sabendo que continuaria a voltar. Por um punhado de palavras reais e sem entrelinhas, ouvir-me-ias dizer o que nunca mais recearia repetir. Por dias calmos, meus e teus e nos quais saberíamos sempre o que esperar, quando e porquê, jamais voltaria a duvidar. Por mim que ainda não conheci o amor verdadeiro, entregaria tudo o que me define e cobre a pele. Por ti que ainda apenas sabes gatinhar, seguraria ambas as mãos e far-te-ia caminhar. Por um momento no qual estivesse segura de tudo o que ouvisse, apenas me ouvirias dizer o que tantas vezes repeti, mas que me traria tudo o que acabei a ter que pedir.

A loba solitária!

abril 14, 2023 0 Comments


Já deixei de permitir que os dias apenas passem por mim e é por isso que vou usando as minhas passadas, sabendo que me levarão ao meu lugar. Há muito que desisti de me querer assemelhar aos outros, até porque não os entendo nem descodifico, ao invés escolho saber o que sou e o que é suposto fazer por aqui. Há um par de anos que já olho para todos os momentos de forma mais atenta, responsabilizando-me por cada escolha e até pela falta de alguma. Agora já não me seguro de cada vez que me tentam abanar, e mostro, de forma convicta, que terá que ser da minha forma, mesmo que escolha adaptar o formato.

Ontem foi o dia do beijo e não pude deixar de me questionar sobre o que seria e teria, a mais, se me soubesse beijada e não somente num dia. Não sou apenas uma loba solitária, também aspiro a toques sentidos e verdadeiros, daqueles que me arrepiariam pelas certezas e que me arrancariam dos silêncios. Sinto falta de fazer falta a alguém. Penso, inúmeras vezes, no que significaria estar com quem estivesse mesmo e me sossegasse a mente inquieta. Sei que fujo dos amores que apenas eu desenharia, na esperança de me cruzar com algum que viesse devidamente desenhado para mim, porque estou consciente das inevitáveis improbabilidades. Somos seres únicos, carregando demasiados pesos desnecessários e padecendo de dores muitas vezes invisíveis que infligem ainda mais dor.

Já deixei de levantar os que escolhem ficar pelo chão. Já não me explico demasiado, bato em retirada da mesma forma tranquila e intempestiva com que cheguei, porque nunca serei apenas uma, recolhendo ao meu lugar emocional. Já quebro menos, sabendo que apenas assim me impedirei de partir. 

13.4.23

Sou eu, assim!

abril 13, 2023 0 Comments



Sou tão responsável pelo meu estado emocional, quanto o serei pelos sentimentos que provocar no outro. Sou o princípio da minha construção e o resultado do que atingirei quando me sentir plena. Não estarei sempre em alta e jamais imune ao exterior, mas seguramente que melhor armada para as necessárias defesas. Sou a que escolhe, mas também é escolhida. Sou a que reavalia o que erradamente avaliou, mas que também redireciona o que não funcionou. 

Olha para o espelho que te refletirá a alma e percebe quem és. Deixa de querer parecer o que rapidamente deixarás de ser e escolhe a verdade para que te pares de mentir. Aceita as viagens, os olhares mais profundos e por vezes sem brilho, mas não te fixes demasiado tempo num mesmo lugar. Fala-te com determinação e acresce ao que já tens o respeito que terás de volta. Protege o coração para que não padeça em vão, até quando mais nada te parecer possível remendar, porque acabarás sempre a fazer o que for melhor para ti. Ama, até quando amar souber a pouco, mas permitindo-te ser amada por quem te irá estender a mão que permanecerá.

Sou o resultado de múltiplas escolhas, mas acabei sempre por escolher as que melhor me definiam, revendo-me em cada uma. Sou deste formato agora, mesmo que se encaixe em muito poucos, mas consegui encaixar-me inteira em tudo aquilo em que acredito e foi assim que me reinventei e renasci. Sou tão serena quanto as águas tranquilas em dias de sol alto, mas igualmente revolta quando as marés se rebelam contra a lua que as agita. Sou o que faço por construir e planeio continuar até que me permita parar. Sou eu, assim!