31.8.23

Queres fugir do amor?

agosto 31, 2023 0 Comments


Não tenho forma, nem desejo, de fugir ao milagre do amor. Não tenho como deixar de lado o que ladeia toda a minha vida, conferindo-lhe sentido e sabor. Não tenho como escolher a dor, quando liberto tanto amor e permito que saia por todos os poros, jorrando sob quem me souber de que forma me amar.

De que forma se desperdiça o que nos engrandece e fornece o combustível que suaviza as quedas e os ressaltos do mundo? Para onde se olha quando não existe ninguém para quem olhar e nenhum amor para partilhar? Por que motivo se aceita o pouco, o de sabor fugidio e as palavras que se perdem no ar pelo vazio e inconsistência? Porque é que ainda esbarramos em quem não segura com ambas as mãos o amor que lhe é atirado, devolvendo-o para que nunca se perca?

Não tenho forma nem formato melhor do que aquele que me enche e preenche o coração. Não sei amar aos pedaços e nunca dou sempre na proporção do que recebo. Não faço perguntas em vão e nunca deixo de responder a quem precisa de me ouvir para saber o que sentir. Não vou apenas por ir e pretendo sempre voltar mais inteira e engrandecida. Não aceito menos do que mereço e faço sempre por merecer tudo.

O que é que importa para quem se quer verdadeiramente importar com o que nos adoça os lábios, colocando luzes e cores onde apenas existia escuridão? Espero e desejo que importe o amor, o cuidado, a verdade e a firmeza. O que é que nos alimenta mais do que comida e nos hidrata melhor do que a água? A resposta caberá inteira a "ti", tal como as escolhas que fizeres para que possas ser contemplada na vida de alguém, saindo do anonimato, mesmo que metade do mundo não saiba da tua existência. O que é que nos confere força, coragem e certezas até nas dúvidas? Espero não precisar de te responder, porque o que te desejo é um amor do tamanho daquele que consigo sentir, até e quando não sou devidamente amada.

26.8.23

Somos tão pequenos sem amor!

agosto 26, 2023 0 Comments



Somos tão pequenos sem amor. Saboreamos pouco, ou nada, quando as nossas bocas não usam e abusam, para além dos beijos, das palavras que nos levam em cada som, dando-nos em pedaços que sobram e fazem falta. Perdemos tanto da vida se a vivermos apenas sobrevivendo e sem partilhas que nos colem a outro ser. Colecionamos doenças da alma e da mente se não nos oferecermos com tudo o que acumulámos, para que alguém se enriqueça e se una. Somos mais frágeis se sozinhos, mesmo que resistentes por inerência. Somos subtraíveis se não existir, por perto, quem nos some cada emoção, multiplicando a vontade de permanecer, por tempo indeterminado, a criar e a ter emoções. Somos tão pequenos sem amor!

Já tenho como falar de todos os sentimentos que me construíram e fortaleceram, até quando pareciam abanar-me as estruturas que ainda tentava solidificar. Sei o sabor do desamor, mas já me lambuzei em amores que me fizeram querer continuar a replicá-los. Já fui a pessoa mais importante de alguém e já tive, comigo, a pessoa que reconheci, escolhi e recebi. Já me refiz no molde do amor, renascendo mais inteira, mais capaz e ainda mais plena para o poder dividir. Já quase desisti de o encontrar, mas apenas até perceber o quão cíclicas são as estações, tal como as emoções. 

Somos e seremos sempre demasiado pequenos sem amor, mas alguns não desistem de o receber, aninhando-o nas conquistas e acertos, mas aceitando-o quando e de cada vez que seja difícil e carregado de escolhas erradas. Somos o que conseguirmos fazer sentir, porque não existe outra forma de sentirmos o que mudará todas as viagens, preferencialmente para melhor. Somos feitos de outras partes inteiras e é por isso que permaneço na busca da minha, porque somos tão pequenos sem amor.

22.8.23

Que vida me calhou?

agosto 22, 2023 0 Comments



A vida vem e vai em etapas que por vezes galgamos, mas que também vivemos, os mais sábios, de forma a sorver cada lição, todos os dias de chuva intensa e os que nos quase nos queimam pelo sol que fica bem mais do que "lá" fora. A vida como a conheci, ainda menina, ansiosa pelo mundo que me esperava e inquieta o bastante para inquietar todos ao meu redor, não se transformou em nada que tivesse sonhado ou sequer antecipado. A minha verticalidade, pés no chão, mesmo sendo dum signo de ar, e todas as convicções de que me fui rodeando, afastaram uns quantos, mas permitiram que os melhores permanecessem. A completa ausência de síndromes de Cinderela, fizeram com que não almejasse ao mesmo que as restantes meninas e mais tarde mulheres com que me cruzei. Queria-me entender e sorvia os dias que envolvia nas palavras que sempre me encheram e preencheram, tendo aprendido a sua importância logo aos cinco anos de idade.

A vida, esse enigma que se quer ver desvendado, vem até nós com a intensidade com que nos colocamos lá, onde tudo acontece, mas também suaviza o que tratamos de manter tranquilo, previsível quanto possível e consistente até que nos mudemos após evoluir. A vida que me calhou, tem trazido bem mais do que me atrevi a pedir, porque até sou de pedir pouco, entendendo que receberei na proporção que der. A vida, a que tenho agora, colocou-me no lugar, ponto e momento que desejei e fiz por ter. Já me parei de reclamar, ao invés reavalio, analiso-me ao milésimo de segundo, cansando-me obviamente, mas retirando o que não fará falta para depois, ou mantendo o que nunca sobrará. A vida vale mesmo a pena ser vivida e não o entendi apenas hoje, mas passei a valorizá-lo muito mais agora, mas continua a dever-me um amor que me ame verdadeiramente, tanto quanto já aprendi a amar.

20.8.23

Fui tão somente indo...

agosto 20, 2023 0 Comments



Fui indo, numa viagem nova e que parecia de fim anunciado mal começou, mas escolhendo agarrar-me ao que não tinha e fantasiando o que me deixaria mais completa. Fui aceitando o inaceitável, "vendendo-me" por tão pouco, que no final nada sobrou. Fui apagando o meu brilho para não encadear, mas esquecendo-me de que precisava de toda a luz para manter o meu caminho. Fui vivendo com as migalhas que apenas me sujaram as mãos, escorrendo até acabarem vazias. Fui respirando de forma pesada, engasgando-me no ar que mantinha dentro para não rebentar. Fui passando as mensagens erradas, dias após dia e mesmo que as legendasse, soube sempre que nunca seria lida ou sequer ouvida.

Tudo o que nos magoa mais do que amacia, acaba eventualmente por desgastar até a vontade mais férrea. Já provei do verdadeiro sabor do amor intenso e ainda o mantenho vivo no coração e nos lábios, porque foram deles que saíram os sons que me enchiam por dentro e foi com cada um que devolvi tudo o que senti. Já tive, de forma inteira, quem me teve e cuidou, tanto, que o resultado só poderia ser este, o que carrego hoje e me representa. Já soube o que significava saberem de mim, sendo olhada enquanto vista e ouvida com a devida atenção. Já fui tão amada, que nunca me poderei voltar a contentar com amores pequenos. Já senti os toques que me incendiavam a pele e me colocavam um brilho invulgar no olhar. Já fui a primeira escolha na vida de alguém.

Fui derrotada quando tentei apenas dar-me, sem quaisquer condições ou cobranças vãs, mas também já regressei do lugar mais solitário que conheci, regressando a mim e à minha casa interior. Já pousei as armas e rendi-me ao universo, acreditando que me dará sempre o que me fizer falta para continuar a crescer. Já me parei!

19.8.23

Será que perdeste tempo?

agosto 19, 2023 0 Comments


Pode ser doloroso lidar com a má fé dos que mais nos dizem, mas é seguramente desafiador resistir, sobreviver e seguir em frente. Pode ser incompreensível a frugalidade, o mau carácter e as mentiras, mas é importante que se perceba que algumas pessoas apenas usarão do efeito espelho, indo e sendo o que tanto viram enquanto procuravam pelos caminhos que provavelmente nunca encontrarão. Pode ser que nos marquem a ferros e nos deixem cheios de dúvidas, sobretudo sobre quem somos e o que temos que não lhes sirva, mas apenas acontecerá até que a vida aconteça e regressemos a nós. Pode ser cansativo e até desanimador insistir, tentando ensinar de que forma queremos ser tratados, mas inevitavelmente trará frutos e revelará quem serão os que podem e devem ficar. Pode parecer que o amor tarda, mas seremos apenas nós a olhar, insistentemente, para o lado contrário. 

Se ainda não esbarraste em quem te fará sentir especial, não desistas e sobretudo não coloques os ovos todos no mesmo cesto. Se ainda não ouviste o teu nome a ser pronunciado com os sons que te remexerão por dentro, acredita que um dia, do nada, ou talvez do tudo pelo qual tanto ansiaste, chegará quem o usará como nenhum outro e então saberás. Se conseguiste sorrir hoje sem que o ontem te inundasse das lágrimas que tanto acabaste por chorar, confia que estás no tempo e momento perfeitos para que a tua vida amorosa recomece e a tua metade inteira possa finalmente chegar até a ti, porque o que tens feito, tem sido tão somente insistir na porta errada, enquanto a janela se mantinha escancarada.

Pode até parecer que andaste a perder tempo, amando quem nunca planeou amar-te de volta, mas na realidade estiveste apenas nos ensaios para a peça mais importante da tua vida!

18.8.23

Os 22 anos do meu caçula!

agosto 18, 2023 0 Comments

 






22 anos, 264 meses, 8029 dias, 192,712 horas, 11,562,768 minutos e 693,766,080 segundos. É assim que tenho vivido todas as histórias que compõem a vida do meu caçula, ao segundo, sabendo como multiplicar os minutos de todas as horas que nunca me bastarão para que o tenha em pleno, mas confiante de que estive em cada dia, até nos que agora deixaram de ser comuns, para que os meses se pudessem traduzir em 22 anos de descobertas e aprendizagens que apenas o amor permite.

Foi muito protegido, por mim e pelos irmãos mais velhos, mas atempadamente "empurrado" para que trouxesse ao de cimo a força de que é feito e pudesse saborear a vida que lhe cabe. É quieto, atento e sabe quando e como intervir. Obstinado, mas doce, sobretudo comigo. Determinado até nas dúvidas, mas pronto a interiorizar o que o nosso pequeno clã lhe passa, porque será sempre envolto em cuidado, expectativas atingíveis e com a sabedoria que cada um carrega, para que os seus passos sejam um pouco mais suaves e previsíveis. Segura um mundo que apenas ele entende, mas do qual não abdico, proporcionando-lhe sempre as ferramentas que inevitavelmente o conduzirão à felicidade, porque apenas terá que SER, para a poder TER. SER grande, responsável, generoso, culto, atento aos outros, honesto e pleno de carácter e mesmo que por vezes lhe pareça muito, já aprendeu que receberá de volta tudo o que der.

Nada como a paz interior e a paciência que cultivei, para que me assegure de que os desafios que ainda se apresentam à minha última cria, o farão chegar onde é suposto. Tudo o que fiz, desde que fui mãe pela primeira vez, foi buscar conhecimentos que lhe passei e passo, por vezes em doses duplas, dada à minha velocidade natural, mas que ele tão bem sabe travar, serenando-me quando acredito precisar de correr para o "segurar". Nada como ainda carregar a certeza de que MUITO teria que passar por mim, para que depois TUDO pudesse ser sobre ele.  

É assim, 22 anos depois, que mesmo longe carrego de perto os minutos que antecederam cada ano que me foi permitido viver com este ser admirável, pelos desafios que ainda me impõe e porque foi com ele que percebi o quanto o amor duma mãe se estende e multiplica, não importa o número de filhos. O meu caçula, o terceiro da linhagem, está de parabéns hoje para o mundo e cabe-me lembrá-lo, mas para mim, vivê-lo e acompanhá-lo acontecerá todos os dias, esperando poder estar presente em muitos mais anos. 

14.8.23

Vagens sem roteiro...

agosto 14, 2023 0 Comments



As viagens têm sempre início, meio e fim, por isso não nos adianta querer inverter os percursos, procurando pelo que terminou mal começou. As viagens que fazemos sozinhos enquanto mal acompanhados, deixam-nos com uma sensação de perda de tempo e com a pele arrepiada por tanta paragem desnecessária. As viagens que não escolhemos, mesmo quando o julgávamos estar a fazer, rapidamente nos transformarão em pessoas menos crentes e incapazes de apenas ir, porque sim, e porque deveremos importar mais do que tudo o resto. As viagens requerem um roteiro, mesmo que apenas traçado a cada estágio, para que saibamos exatamente para onde ir e quando regressar.

Não estou a dar voltas ao mundo, interminavelmente, estou a ser maior e mais preparada enquanto me disponibilizo para o que me surpreenderá, e me armo do que fugirá ao meu controlo. Não me estou a distanciar de mim, apenas a buscar o que não encontrei enquanto cuidava de não me afastar demasiado dos que agora também já iniciaram as suas viagens. Não estou a fugir de nada, nem de ninguém, mas estou, pela primeira vez na vida, a escolher e a decidir sem que qualquer peso emocional me desvie ou refreie. Não estou onde não quero e nunca mais voltarei a ficar onde não for desejada.

As viagens fazem-nos crescer, maturando o que adiámos por escolha, preguiça mental, ou até medo. As viagens que serão igualmente da alma, imprimirão em nós o que nos mudará e não apenas por dentro. As viagens que ainda pretendo fazer, farão de mim a mulher que pretendo cultivar e manter.