11.12.23

Sei, sim sei!

dezembro 11, 2023 0 Comments


Resolvermo-nos interiormente tem porras. Sabermos porque motivo agimos duma forma e não de outra diametralmente oposta, um trabalho constante. Entendermos que nem sempre estaremos à altura de nos sorrirmos, uma necessidade que deveremos ir testando. Conseguirmos sobreviver aos tumultos, para ter e saber de que forma regressar ao que nos sossega, um objetivo atingível, mas pleno de altos e baixos.

Sei que sozinha sou menos e mais frágil, mas aceitá-lo enquanto aceito as minhas limitações e medos, tem-se revelado um processo moroso, mas bem sucedido. Sei que já sei muito mais de mim, mas continuo, "faminta" e insaciavelmente à busca de cada porquê. Sei que as minhas imperfeições não me tornam irremediavelmente imperfeita, mas que me condicionam, sobretudo quando espero, sem qualquer prova documental, que os outros ainda tenham como chegar tão longe e tão alto, facilitando-me a viagem. Sei que amo demasiado e de forma tão intensa, que colido com os que amam na opção morno, ou quase frio. Sei que um dia deixarei para trás as perguntas de todos os dias, mas até lá continuarei a querer até o que me dizem ser inatingível.

7.12.23

Somos as inevitáveis vítimas!

dezembro 07, 2023 0 Comments



Somos vítimas, alguns de nós, dos bloqueios familiares, sociais e obviamente dos nossos. Somos a vontade de pertencer, mesmo que nunca cheguemos a saber quem somos sem as máscaras e porque motivo nos mascaramos para SEMPRE. Somos os mesmos lugares que outros percorrem e procuramos a experiências que uns quantos tiveram e nos passaram, de forma inexata, porque nem eles as souberam saborear. Somos apenas uma fração do que poderíamos na realidade ser, se desbloqueássemos o que nos aprisiona e envolve em algemas bem visíveis, até porque hoje vivemos mais "em cima" uns dos outros, sabendo o que cada um faz, deseja fazer e ou nunca conseguirá fazer, porque a ação obriga a uma coragem que NÃO parecemos ter. Somos TÃO pouco perante a imensidão do mundo, das oportunidades e das possibilidades que arremessamos para bem longe, por medo de arriscarmos sentir a verdadeira felicidade.

Estou claramente noutro patamar, mas não me refreio, não respondo ao que nem sabem perguntar e não me envolvo do que aos outros soa a certo ou a seguro. Sou tão diferente quanto o que fiz por entender de mim, do que faço aqui e do que ainda me falta conquistar. Sou a versão que melhoro a cada dia, mesmo com avanços e recuos, porque a reconstrução sob construções frágeis necessita de muito mais tempo. Estou claramente segura do caminho que faço, percebendo e aceitando que por ele passarão uns quantos apenas para me testar e outros tantos para me ensinar.

Somos vítimas do que tomamos por inevitável e inevitavelmente acabaremos mais sós, pobres de lugares interiores e incapazes de resistir às inúmeras provações, porque elas virão. Somos vítimas do que nos parece mais fácil, mas um dia, quando pouco nos restar fazer, iremos perceber o quão difícil foi não ser, não sentir, não cuidar e não amar devidamente.

5.12.23

Mete-te em apuros!

dezembro 05, 2023 0 Comments



Mete-te em apuros. Faz coisas erradas que te saibam a certas. Sê diferente de ti mesma, mas com prazer e vontade de viver em cheio. Mete-te em apuros no amor e ama desalmadamente, mesmo que não te amem de volta. Procura pelo que te acrescenta mais sorrisos e sorri sem medos nem culpas, até das tuas inabilidades. Mete-te em apuros, por vezes, um cento de vezes, mas sabendo que saberás um pouco mais sobre ti no final.

Os arrependimentos, um dia, serão apenas isso, sem qualquer possibilidade de recuos, ou de regressos a passados nos quais poderias ter sido mais, tudo, tu e outra qualquer, juntas e misturadas para que fossem tão grandes quanto te sentes. Os sonhos que não viveres serão apenas isso, momentos desperdiçados pelo medo de caminhos que seguramente pisarias, não com certezas e planos, mas com os pés na terra molhada e nas ervas que crescem sem que alguém as possa impedir, teimosas, mas plenas de cores e cheiros que se entranham e permanecem até à estação seguinte. Os olhares, para quem te olha de volta e fala do que gostas de ouvir, até quando não usam as mesmas palavras que reconheces, deveriam servir para te libertar dessa prisão comportamental, da postura séria, segura e NUNCA desviante, mesmo que te apeteça desviar 360 graus e ser a que carregas dentro e fazes por esconder dos outros. Os amores sem dores e os que te doerão sempre, valerão a pena, cada um e por cada sentimento que te arrancarem, recordando-te do quão viva permaneces.

Mete-te em apuros, uma vez que seja e sê, sem culpas, ESTUPIDAMENTE FELIZ!

1.12.23

Se te magoa está errado!

dezembro 01, 2023 0 Comments



Se te magoa está errado. Se até os pelos se eriçam perante tanta dúvida e medos que se avolumam, está errado. Se os sabores que reténs na boca são mais amargos dos que desaparecem, rapidamente, porque rápido é o que não nos sustenta e segura, está errado. Se o teu corpo pede pelo corpo que apenas usa o teu, dando-te um prazer que está longe de ser real, porque em cada êxtase permaneces ainda mais vazia, está errado. Se nunca tens um lugar, nem sequer no coração que o arrebatou, está errado. Se as histórias que continuas a escrever têm apenas uma personagem, a tua, então é porque estás tão sozinha quanto começaste, mesmo achando que poderias mudar algumas vírgulas, por isso está errado. Se te sussurram ao ouvido as mesmas palavras que vão servindo a outras, sem qualquer esforço ou cuidado para que sejam únicas, está errado. Se os músculos te doem após o que passa a parecer uma corrida íngreme e sem fim, até quando estás abraçada a quem apenas tem um lugar temporário, por excessiva ocupação, está inequivocamente errado. Se acordas e adormeces a saber o quão longe tudo está de alguma vez ser certo, estão estás tão errada que dificilmente saberás de que forma acertar o que te restou.


26.11.23

Gostava de saber quem és!

novembro 26, 2023 0 Comments



Gostava de saber, ou de ter sabido antes, que não seria a pessoa certa para quem julgava poder acertar comigo. Precisava, lá atrás, de ter entendido que nem sempre carregamos o que o outro precisa, sobretudo quando nem ele sabe do que precisa verdadeiramente, mas faltava-me coragem para aceitar que estava a ver exatamente tudo para o qual olhava e que jamais poderia ser vista por mim. Gostava de me ter dado menos, mas hoje não seria tão forte e determinada.

Ser ligeiro, sem demasiados planos ou a planear apenas o que chegar, torna as pessoas menos exigentes, mais planas e nada dadas a confrontos pessoais, até porque nem se conhecem o suficiente para o fazer. Ser dos que apenas habitam o planeta, correndo se todos correm, ou andando por onde é recomendado, deve ser tão tranquilo e seguro, que nada fará com que arrisquem querer, pensar e ser, apenas porque sim. Ser igual a todos, mas almejando a diferença, não é algo que se conquiste do nada e é por isso que muitos nada desejam a não ser ter, para que não lhes seja exigido ser. Ser pequeno quando o mundo é tão grande e, radiante e pleno de tudo o que imaginamos ou sonhamos, só poderá ser entendido e aceite por quem aceitar o que chegar, não importa o quê.

Gostava de saber ao que sabe um amor sem esforço, sem planos que me arremessassem qualquer possível plano para bem longe e sem desculpas que me retirassem a responsabilidade de apenas ser feliz. Gostava de um dia poder apenas gostar de quem já gostasse de mim, assim, de forma simples e sem que precisasse de o pedir. Gostava de "te" já ter aqui, quem quer que soubesses e fosses capaz de ser.

24.11.23

Já alguma vez te amaram como amas?

novembro 24, 2023 0 Comments


Já alguma vez quiseste alguém mais do que a ti mesma, mas apenas para perceber que nunca serias tão importante quanto a importância que davas? Já alguma vez sentiste que mesmo dizendo tudo, jamais ouvirias o que te mudaria os dias? Já alguma vez tiveste a certeza de que encontraras quem te manteria o coração no lugar certo, mas sem que pudesses aquecer o coração que o teu escolhera? Já alguma vez choraste tanto que te sentiste secar por dentro?

O amor não contempla dúvidas prolongadas, nem tentativas repetidas até à exaustão. Ter o coração ocupado com quem nos remove a paz e gela as extremidades, não justifica o que possamos sentir, até porque nunca o poderemos fazer sozinhos. O amor chega quando bem entende e por vezes só entendemos, mais tarde, o motivo pelo qual nos reaqueceu cada membro entorpecido. O amor que sei poder dar nunca me foi dado da mesma forma, não ainda e seguramente que não enquanto continuar a escolher quem não me escolheu. O amor, esse estágio compreensivelmente sonhado, apenas toca uns quantos, e desejá-lo com todas as forças que sei ter, jamais me fará chegar como sou na verdade, não para quem me inundar de mentiras.

Já alguma vez sonhaste com um fim anunciado, acordando com a sensação de que tua luta inglória terminara?

20.11.23

O que foi que me ensinaram?

novembro 20, 2023 0 Comments



Ensinaram-me, talvez não por palavras, que poderia ser tudo, sendo mulher. Mostraram-me o mundo onde não gostaria de viver se fosse apenas mais uma e por isso mudei-o, mudando-me. Provavelmente não o soube de imediato, mas hoje, muitas décadas depois, percebi que todas as outras foram sendo apenas ensaios para aquilo em que me tornaria. 

Viver como era expectável, mas sendo criativa, diferente e cheia de lugares que não poderia mencionar, sob perigo de parecer louca ou desfasada, tornou-se um objetivo, mas igualmente um desafio. Viver de forma intensa, mas apenas por dentro, porque o exterior roubava-me as cores, os sonhos e as habilidades, capacitou-me para o que experiencio ainda hoje. Viver sendo apenas eu, para mim, mas outra para os que precisam de me catalogar para entender, permitiu-me lugares seguros e que domino inteiramente.

Ensinaram-me a recusar o que aparentemente será natural, ou comum, porque nunca me consegui identificar com a pequenez, a falsidade e os automatismos, sendo apenas porque todos o eram. Mostraram-me igualdades tão diferentes das minhas, que passei a ser apenas da minha maneira, mesmo que choque ou perturbe. Tentaram, sem efeito, que seguisse o rebanho e não elevasse demasiado a voz, não fosse ser realmente ouvida, e passei apenas a dizer e a fazer o que me permite sossegar sempre que me avalio e olhem que o faço diariamente.

Ser eu, enquanto me recuso apenas a sê-lo, sem conteúdo ou referências que me diferenciem, continua a dar-me imenso trabalho, afastando os que não sabem de que forma saber quem sou realmente, mas é apenas assim que andar por aqui me faz sentido. Ser eu é naturalmente solitário, até quando finjo estar onde estão uns quantos. Mas ser eu  restaura-me todos os sorrisos, mesmo aqueles que ninguém vê.