30.10.23

Hoje tive-te mesmo?

outubro 30, 2023 0 Comments



Tive-te de forma diferente e por isso acabaste a ter-me como talvez tenhas esperado sempre. Senti-te, mais uma vez, a parecer que será desta que te voltarás para o lado onde me encontro, escolhendo-me e não apenas porque te escolhi. Tive-te com um sabor que me ampliou o amor e amei-te de forma ainda mais intensa, acreditando que intensifiquei o que construímos. Tive-te sem reservas e reservando-me o direito de te dar tudo o que amealhava, acreditando sempre que o virias a querer.

O amor não escolhe a quem escolher, apenas determina o que aparentemente fará mais sentido, mesmo que nos sintamos, por vezes, deslocados, incapazes e imbecis por tanto esperar pelo que eventualmente terá por chegar. O amor é um acumular de sentimentos que arremessamos na esperança de que nos seja devolvido. O amor, esse estado de graça, muitas vezes nada engraçado, revolve-nos as entranhas quando não somos amados, mas deixa-nos com a sensação mais inebriante quando o conquistamos. O amor que te tenho cresceu até na penumbra, mas a luz instalou-se, forte, determinada e a iluminar tudo à sua volta. O amor que agora me tens, tem-me mantido mais serena e confiante no percurso que continua a ser no imediato, porque apenas nos resta viver o presente que o passado adiou, mas que o futuro se encarregará de manter ou fazer esquecer.

Tive-te com TUDO o que sempre achei que representavas e isso refletiu-se no que nos demos, porque já o aprendemos a fazer. E Tive-te, finalmente!

28.10.23

Será que me ouves?

outubro 28, 2023 0 Comments



O que é que ouves quando não falo? O que entendes do que nem eu pareço conseguir entender, sobretudo por me fustigar, apenas para que te mantenhas firme no propósito de te manteres? O que esperas do tempo que tem corrido à velocidade do som, para que a espera termine, a tua porque me desejas curada e a minha porque anseio por uma cura milagrosa?

De cada vez que magoamos, porque escolhemos ignorar ou porque fomos escolhendo quando olhar, deixamos marcas que nos estreitam as possibilidades de viver e conviver com serenidade, e é nesse turbilhão de emoções que nos afastamos do amor e de tudo o que carrega. Sempre que adiamos o propósito de incluir quem já nos escolheu, por nos ter reconhecido, afastamo-nos dos toques, das palavras simples, mas intensas e das certezas que o outro nos merecia. 

O que sonhas e com quem, para que o acordar valha mesmo a pena? Que planos já te permites, mesmo que planear amorosamente seja um luxo ao alcance de poucos? Quanto vale a tua determinação em amar da mesma forma que és amado, partindo do princípio que já sabes que o mundo vai continuar a girar à mesma velocidade, quer estejas ou não preparado?

Será que me ouves quando não falo?

21.10.23

Do que se alimenta o amor?

outubro 21, 2023 0 Comments


Nenhum amor resiste à falta de amor de quem se ama. Nenhum sentimento bastará se estiver instalada a indiferença e o desapego que um olhar que não olha, provoca. Nenhum desamor poderá alguma vez carregar sabores que valham a pena manter, sobretudo quando nos mantêm reféns do que não existe. Nenhum lugar será nosso se ainda não nos tivermos, sabendo quem somos e o que esperamos do que nos espera, mesmo que nunca pareça chegar ou acontecer no momento certo.

Do que se alimenta o amor?

De verdades que até poderão ser dolorosas, mas que nos afastarão dos eternos faz de conta. Da entrega sincera e do tempo que oferecemos para que nos devolvam ainda mais tempo. Das conversas genuínas entre dois interlocutores empenhados. De carinhos que se prolongam para lá do toque e dos sonhos que não receamos partilhar. Do respeito e da amizade pura e inequívoca. De tudo o que nos acrescenta mais do que rouba e do único roubar permitido que tem o formato dos beijos.

Nenhum amor resiste a conflitos internos que carecem de nome por falta de avaliação e nenhum amor alguma vez poderá ter esse nome se apenas o parecer, sem que jamais o consiga ser.


14.10.23

Tudo o que te dou!

outubro 14, 2023 0 Comments



Tudo o que te dou, dando-me em pedaços pequenos, mas ainda assim tão grandes que te enchem e preenchem, devolves-me no brilho do olhar e nos sorrisos que não consegues esconder.  Todo o amor que te passo, quando pareço rebentar de sentimentos que me inundam e derramam sob o corpo que gosto de beijar, tocando-te enquanto nos arrepiemos, alimenta-me do que me mantém viva e feliz. Tudo o que sou enquanto o és comigo, carrega-me das histórias que gosto de te contar e que me pedes para partilhar nas noites suaves, mas cheias de tudo o que nos enchemos. Todo o tempo que não nos escusamos de usar, por nós e para nós, fazem com que nos encaixemos ainda melhor e não apenas no coração que já nos pertence, mas igualmente nos corpos que tão bem conhecemos. Tudo o que te dou ainda é pouco, mesmo que receie assustar-te com o que consideras ser muito e diferente. Tudo o que continuo a querer de ti, pelo tempo que fizermos sentido, é que me ames da forma mais simples e descomplicada que conseguires, porque apenas assim conseguirás o melhor de mim. Tudo o que tenho já é teu.

13.10.23

Alguém? Ninguém?

outubro 13, 2023 0 Comments



Ninguém me ouve. Ninguém sabe o que tenho, penso ou sinto. Ninguém se encontra, nem a meio caminho, dos caminhos que faço. Ninguém, sequer na minha imaginação, imagina do que carrego enquanto pareço carregar um mundo que não assimilo, nem aceito. Ninguém ouve as lágrimas que jorram livres e sem que segure o soluçar e desespero, mas que nunca se estende para que não assuste ou afugente os mais frágeis. Ninguém parece querer saber de ninguém e talvez até seja mais fácil, mas é seguramente vazio e perigoso. Ninguém me ouve, mesmo que o peça e pedir nunca deveria ser necessário. Ninguém entende do que falo, porque falar carrega mais do que sons e porque por vezes o silêncio diz bem mais. Ninguém trauteia as minhas canções, nem dança ao meu ritmo. Ninguém me ouve, talvez porque ouvir lhes reviraria o norte e tornaria ainda mais inseguros. Ninguém me ouve hoje, tal como ninguém ouviu antes e por isso deixei de falar de mim.

12.10.23

Onde estamos afinal?

outubro 12, 2023 0 Comments



Estamos nos mesmos lugares, mas vivemos claramente em universos diferentes. Somos mais coração para os que tudo parecem fazer para o destroçar, cravando-nos estacas de desinteresse e enchendo-nos dum vazio que se alastra e nos consome. Estamos, na maioria das vezes, a viver momentos que os outros não reconhecem, importando-se muito pouco, ou nada, com o que nos importa e até nos permitiria ser felizes. Estamos mais perdidos do que nunca no meio duma multidão que não tem sons, mas que nos grita e ensurdece. Somos prisioneiros do que muitos entendem ser certo, mas raramente acertam na generosidade, na compaixão e no amor. 

Quero, ainda nesta vida, um amor que me envolva o corpo e me mantenha a alma plena de luz. Quero que me queiram sem esforço e que me vejam após cada olhar que dispense. Quero ser a pessoa que eleva a outra e desejo, fazendo tudo para isso, que me mantenham em pé, segura e acompanhada, porque sozinha não terei como espalhar o que carrego dentro. Quero exceder as minhas expectativas, mantendo-as bem altas e sem medo de qualquer queda inusitada. Quero poder tão somente ir, sabendo que terei para quem voltar. Quero o que ainda não conquistei, mas pretendo, a todo o custo, manter a paz interior que faz de mim a pessoa a quem vale a pena amar. Quero TUDO e recuso o NADA que me oferecem quando e sempre que acham que me basta.

Estamos muito menos preparados para a vida, apenas porque não nos preparámos para os amores que nos cabem, se ao menos coubermos num lugar com nome.

10.10.23

De braços vazios!

outubro 10, 2023 0 Comments


É com os meus braços vazios, mas cheios de vontade de te envolver no corpo que anseia pelo teu, que quase me sinto desistir, deixando-os cair enquanto caio num desespero que me envolve os dias e as noites. É apenas nos meus sonhos que te tenho, mas de forma tão real, que quase recuso acordar, sabendo que nunca te sentirei da mesma forma e que jamais serei sentida por ti. É nos meus beijos, os que já tiveste, que te passo o que sou e o quanto te desejo, mesmo que saiba que os teus não me beijam apenas a mim. É sozinha, uma vez mais, que tento fugir da solidão que me infligiste, acabando ainda mais solitária e cinzenta, eu, a rainha das cores, porque as via até onde mais ninguém parecia conseguir. É aqui e agora que percebo não ter o que tanto pedi e que acreditei ter encontrado mal te olhei, mesmo que nunca tenha sido olhada de volta.

Já entendi que não sou do formato que se encaixa no teu, mas o meu coração teima em negar-me a razão com que o injurio, dia sim e dia também, para que me liberte dum amor que apenas eu sinto. Estar errada deixa-me sem norte. Querer-te sem que alguma vez me tenhas querido, está a voltar-me ao contrário, abanando-me o que julgava ter firme. Saber de mim já não me confere a sabedoria que me apaziguaria a alma e sofrer por amor é o que me vai matando a cada segundo.

É com os braços vazios, mesmo após tanto tempo e entrega, que percebo jamais poder ter o teu corpo no meu, não da forma que me deixaria cheia de tudo. É sem ti que continuo a viagem.