Quietos, eu e tu!
Sue Amado
novembro 30, 2016
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Quietos! Também é possível, ficarmos tranquilos nas nossas rotinas sem mexer com o outro. Quietos sem termos que falar, sem explicar e sem mover as mãos, ou os lábios. Quietos apenas a saber que estamos aqui, cada um do lado certo da vida do outro.
Hoje ficámos assim sem nos falarmos. Tu devido à montanha de trabalho que acumularas, um pouco por culpa minha e eu dando-te espaço, mas mantendo-me alerta, pronta e à tua espera. Conseguimos finalmente sossegar-nos. Ao final de tanto tempo, de muitas idas e algumas vindas, conseguimos que cada silêncio se enchesse do que sabemos querer e desejar do outro. Agora mesmo de longe, já quase que te visualizo a moveres-te determinado, a tocares a face que nunca me esqueço de beijar quando te tenho, porque a tua presença é demasiado forte. O teu abraço mantém-me próxima de ti, como se não conseguisses libertar-te, como se estivéssemos ligados e a verdade é que estamos mesmo e não apenas de corpo.
Ficamos quietos, de cada vez que a separação é algo longa e acabamos sem muitas palavras, mas com tantas que tememos usá-las. Quietos, mas desesperados por um começo. Quietos até que um arrisque fazer o que o outro já mal segura e aí sim, paramo-nos com movimentos e movimentamo-nos à velocidade do nosso desejo. Ficarmos quietos, eu e tu, é muito raro, mas acontece porque também precisamos de parar, olhar e repensar tudo o que vimos fazendo. Já são alguns anos de dúvidas, muitas reticências, mas sempre o mesmo regresso, porque regressar, a ti, é sempre igual à primeira vez.
Por vezes, quando nos arriscamos ao silêncio, acabamos a ouvir-nos por dentro e a saber o que realmente nos faz falta, por isso hoje foi assim, Quietos e apenas nós, sem outro mundo que não o nosso!