Queres fugir do amor?
Não tenho forma, nem desejo, de fugir ao milagre do amor. Não tenho como deixar de lado o que ladeia toda a minha vida, conferindo-lhe sentido e sabor. Não tenho como escolher a dor, quando liberto tanto amor e permito que saia por todos os poros, jorrando sob quem me souber de que forma me amar.
De que forma se desperdiça o que nos engrandece e fornece o combustível que suaviza as quedas e os ressaltos do mundo? Para onde se olha quando não existe ninguém para quem olhar e nenhum amor para partilhar? Por que motivo se aceita o pouco, o de sabor fugidio e as palavras que se perdem no ar pelo vazio e inconsistência? Porque é que ainda esbarramos em quem não segura com ambas as mãos o amor que lhe é atirado, devolvendo-o para que nunca se perca?
Não tenho forma nem formato melhor do que aquele que me enche e preenche o coração. Não sei amar aos pedaços e nunca dou sempre na proporção do que recebo. Não faço perguntas em vão e nunca deixo de responder a quem precisa de me ouvir para saber o que sentir. Não vou apenas por ir e pretendo sempre voltar mais inteira e engrandecida. Não aceito menos do que mereço e faço sempre por merecer tudo.
O que é que importa para quem se quer verdadeiramente importar com o que nos adoça os lábios, colocando luzes e cores onde apenas existia escuridão? Espero e desejo que importe o amor, o cuidado, a verdade e a firmeza. O que é que nos alimenta mais do que comida e nos hidrata melhor do que a água? A resposta caberá inteira a "ti", tal como as escolhas que fizeres para que possas ser contemplada na vida de alguém, saindo do anonimato, mesmo que metade do mundo não saiba da tua existência. O que é que nos confere força, coragem e certezas até nas dúvidas? Espero não precisar de te responder, porque o que te desejo é um amor do tamanho daquele que consigo sentir, até e quando não sou devidamente amada.